Bom Samaritano – Apelo a Iniciação à vida cristã

Por Denilson Mariano da Silva  & Wilson Augusto Costa Cabral 

Presente somente no Evangelho de Lucas, a Parábola do Bom Samaritano constitui-se em um dos mais importantes ícones da caridade e do amor ligados à Boa Nova de Jesus. Motivada por um questionamento de um doutor da Lei, esta parábola serve de exemplo para nossa catequese como itinerário de Iniciação à Vida Cristã (IVC). De modo simples e instigador, Jesus leva seus ouvintes à constatação, por eles mesmos, de quem de fato é o nosso próximo. 

O texto da parábola do Bom Samaritano encontra-se localizado no Evangelho de Lucas. Sua teologia nos coloca, de modo especial, diante do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. A própria estrutura do Evangelho prepara esse momento. Depois de um breve prólogo (Lc 1, 1-4), dos evangelhos da infância (Lc 1, 5 – 2, 52), da pregação de João (Lc 3, 1 – 4, 13) e do ministério público de Jesus na Galiléia (Lc 4, 14 – 9, 50), inicia-se a viagem de Jesus para Jerusalém (Lc 9, 51 – 19, 27). 

A viagem a Jerusalém representa o centro do projeto teológico de Lucas. Com um tom solene, o texto de Lc 9, 51 afirma que “quando se ia completando o tempo de ser elevado ao céu  –  expressão que significa que estava chegando o tempo da paixão, morte e ressurreição de Jesus,  –  ele decide ir a Jerusalém.” Para Jesus, essa não era uma decisão qualquer, era sim o momento de cumprir sua missão, assumindo as consequências da incompreensão de suas palavras e ações. 

É no contexto desta viagem a Jerusalém que se pode compreender a parábola do Bom Samaritano. O texto é precedido por três seções que são muito importantes. Primeiro, como sinal de que o caminho não é nada fácil, os discípulos enviados para  preparar hospedagem para Jesus em uma aldeia samaritana são mal recebidos (Lc 9, 51-55). Aqui já se prepara a percepção do leitor para a compreensão do papel do personagem  principal da parábola que será narrada mais adiante. Ademais sinaliza que a Boa Nova de Jesus não será acolhida com tanta facilidade. 

Em seguida temos a seção da missão dos discípulos. Tal missão é preparada  por ensinamentos sobre o seguimento de Jesus. Ser discípulo de Jesus não é tarefa simples. Exige renúncias, a atitude de se colocar no seguimento do Mestre (Lc 9, 57-58) e a entrega incondicional diante das exigências do Reino (Lc 9, 59-62). Os setenta e dois discípulos são então enviados em missão. Não são apenas os doze – referência às doze tribos de Israel –, mas os setenta e dois – referência a todas as nações pagãs. É importante perceber neste texto e nos ensinamentos de Jesus as orientações dadas aos discípulos que deveriam ir aonde Ele próprio deveria ir. Ou seja, aonde o discípulo missionário for, ele vai em nome d´Aquele que o enviou. Isso exige responsabilidade e comprometimento.

A missão gera alegria nos discípulos (Lc 10, 17-20), como também em Jesus (Lc 10, 21-24). Esta é a mais declarada manifestação de alegria de Jesus em todo o Novo Testamento. Nela podemos ver a alegria de Jesus pela missão dos setenta e dois, mas também pela missão de toda Igreja chamada a anunciar o Evangelho. Verdadeiramente muitos quiseram anteriormente ver o que os discípulos viram e ouviram, porém não  puderam (Lc 10, 23-24). O que os discípulos viram e ouviram é o mistério da íntima união entre o Pai e o Filho, manifestada na missão realizada por aqueles que o Filho enviou (Lc 10, 22). É este poder que elimina todas as formas do mal (Lc 10, 18-19). Este texto tem uma importância cristológica e eclesiológica muito grande.

1. Um questionamento: “E quem é meu próximo”? (Lc 10, 29). 

Depois de um momento no qual se percebeu a forte comunhão de Jesus com os discípulos enviados por ele vem uma interrupção, um questionamento. O evangelista em sua narração alerta já de início que não se trata de uma intervenção qualquer. Trata-se de um mestre da Lei, conhecedor dos ensinamentos da Torá. Mais ainda, Lucas revela a intenção do interlocutor. Ele aborda Jesus com a intenção de testá-lo, de colocar uma armadilha para ele. A pergunta é direta: “Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” (Lc 10, 25). Na pergunta já temos um elemento que indica a qual grupo este mestre da Lei pertence, pois somente os fariseus e depois os cristãos tinham a crença na vida após a morte. O mestre então era um fariseu com intenção de deixar Jesus em má situação. 

Jesus responde ao mestre da lei com duas perguntas. O que está escrito na Lei? Como lês? Jesus havia percebido a intenção daquele homem e, justamente por isso, o devolve-lhe o questionamento. Em suas perguntas Jesus vai além da literalidade das Escrituras. Ao acrescentar à pergunta sobre o que está escrito a questão de como o homem a lê, ele coloca a questão da interpretação que se dá ao texto. A Palavra de Deus não deve ser apenas lida como o fazem os fundamentalistas. Ela deve passar também pelo crivo da interpretação. 

Diante do questionamento de Jesus, o mestre da Lei vai ao cerne da Lei, da Torá dos judeus, o “Escuta Israel”. Essa é para os judeus a oração mais importante, na qual ao mesmo tempo o povo de Deus da Primeira Aliança professava a sua fé em um único Deus e, em contrapartida, se reconhecia como único herdeiro da aliança: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.” (Dt 6, 4-5). O mestre da Lei ainda acrescenta com todo o teu entendimento  –  em alusão à forma como ele interpreta e compreende esse texto, dando a ele inclusive um acento maior. Como mestre da Lei, ele conhecia bem as Escrituras a ponto até de acrescentar também o texto de Lv 19, 18b: “amarás o teu próximo como a ti mesmo.” 

A alusão ao texto do Levítico prepara o problema motivador da parábola. Em Lv 19 encontram-se prescrições morais e cultuais do Código de Santidade  –  grupo de leis e normas presentes no Levítico. O texto é claro quanto ao dever de amar ao próximo. Contudo, a primeira parte do versículo não deixa dúvidas quanto a identidade do próximo em questão: “Não procures vingança nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”. Na realidade toda a seção de Lv 19, 15-18 faz menção ao vínculo fraterno nas relações entre os compatriotas israelitas. Os estrangeiros não estão incluídos nessas normas e nesse amor. 

Diante da resposta do mestre da Lei, Jesus responde fazendo alusão também ao livro do Levítico: “Guardareis minhas leis e meus decretos, pois o homem que os cumprir,  por meio deles viverá.” (Lv 18, 5). Fica claro que o amor a Deus e ao próximo na  perspectiva de Jesus não é uma realidade somente de fé ou de sentimento, mas uma prática de vida, uma realização concreta. 

O doutor da Lei tinha conhecimento de que o amor de Jesus ia além desse amor  presente no Código de Santidade, e justamente por isso queria colocar Jesus em dificuldade. Por isso ele não se dá por vencido. “Tentando se justificar” do embaraço no qual ele mesmo havia se colocado, ele faz nova pergunta a Jesus: “E quem é meu  próximo”? (Lc 10, 29). Jesus então não responde com conceitos e conta a parábola do Samaritano. 

2. A Parábola  –  Ele viu e moveu-se de compaixão (Lc 10, 33) 

Uma parábola se baseia sempre em uma imagem, em um acontecimento do cotidiano, que se expõe de forma simples. Nela, o ouvinte é convidado a entrar em uma busca ativa para descobrir um significado espiritual mais profundo. O discípulo, como ouvinte e crente, não é um receptor passivo do ensinamento, é aquele que tem a tarefa de investigar seu significado em diversos planos, ou seja, ele é convidado a entrar no mistério (LESKE, 2005) Desse modo, ao falar em parábolas, Jesus provoca nos discípulos uma experiência de descoberta do sentido mais profundo de sua Boa Nova. 

A narrativa começa com a realidade de um homem que descia de Jerusalém a Jericó. Era “um caminho de aproximadamente trinta e dois quilômetros com uma descida a partir de cerca de 700 metros acima do nível do mar até cerca de 400 metros abaixo do nível do mar” (ABOGUNRIN, 2005, p. 1279). Esse caminho era cheio de curvas, passando próximo a penhascos e grutas, um ambiente que favorecia a presença de ladrões e salteadores. Jesus parte então de uma realidade bem conhecida de seus ouvintes. Ao narrar a história daquele homem, naquelas circunstâncias, muito facilmente os ouvintes se colocavam em seu lugar. 

Tal homem – embora o texto não fale, mas que era provavelmente um judeu – acaba caindo nas mãos de assaltantes, que além de despojá-lo de seus bens, o espancam e o deixam semimorto no chão (Lc 10, 30). A situação é grave. Todo ouvinte percebe de antemão a necessidade daquele homem ferido, despojado, abandonado à beira do caminho. O fato de ele estar semimorto – palavra que dá a entender que ele estava desacordado, acentua o seu problema. No livro dos Números encontra-se uma restrição para quem toca em um morto. Diz o texto:

Quem tocar qualquer cadáver humano ficará impuro por sete dias. Deverá  purificar-se com esta água no terceiro e no sétimo dia, e ficará puro. Caso não se  purificar no terceiro e no sétimo dia, não ficará puro. Quem tocar um morto, um cadáver humano, e não se purificar, contaminará a morada do Senhor: deverá ser eliminado de Israel. Visto que não foi derramada sobre ele a água purificadora, está impuro, sua impureza continua. (Nm 19, 11-13) 

Percebe-se, portanto, que na situação em que o homem se encontrava – aparentemente morto –, caso confirmada a morte, quem o tocasse ficaria impuro por sete dias. A escolha dos personagens, então, não foi casual. De um lado temos um sacerdote e um levita – ambos ligados ao templo. De outro temos um samaritano. Mais do que simplesmente estrangeiros, eles eram considerados hereges, deturpadores da Lei de Deus. 

O primeiro personagem a ver o homem caído era o sacerdote. Responsáveis  pelo Templo, os Sacerdotes tinham de se manter puros para os sacrifícios e para entrar na Habitação do Senhor. De um lado, então, estava a misericórdia e a compaixão por aquele homem, de outro os deveres da Lei. Correr o risco de ficar sete dias longe do culto foi o que falou mais alto para o sacerdote. Ele passa ao largo. 

O levita, com funções no culto inferiores às funções dos sacerdotes, mas igualmente ligado ao Templo, tem a mesma atitude. Diante do homem caído, ele passa adiante. É importante notar que, embora em situações diversas, muitas vezes é mais fácil se render às obrigações do culto e das normas religiosas do que ir ao encontro do outro para acolhê-lo, ampará-lo, cuidar dele. 

A surpresa vem do terceiro homem que passa pelo caminho: um samaritano. Desde a invasão da Samaria e do reino de Israel (2 Rs 17) e, consequentemente, com a deportação de seu povo de sua terra, a Samaria passou a ser considerada para os judeus, como um local de sincretismo, de junção do culto de seu Deus com outros deuses de outros  povos.  Na tradição judaica, aos judeus era proibido dizer “amém” em uma oração proferida por um samaritano. 

Entretanto será um samaritano que se aproximará do homem ferido. Ele se moveu de compaixão – o que significa que o samaritano participou das dores daquele homem, sentiu com ele sua situação, teve misericórdia, deu àquele homem, em situação de extrema miséria, o seu coração –, dedicou-lhe tempo curando suas feridas, utilizando o que tinha: óleo e vinho. A compaixão fez com que mudasse seus planos, atrasasse sua viagem. Ele coloca o homem ferido em seu próprio animal e o leva a uma hospedaria. 

Amar tem suas consequências. Na hospedaria, o samaritano paga adiantado “dois denários”, assumindo o compromisso de pagar o restante, caso o gasto fosse maior. O amor leva ao comprometimento. Os dois primeiros se desviaram no caminho, o samaritano refaz seu caminho, muda planos, ultrapassa leis, conceitos e preconceitos. 

A parábola termina. Não é difícil imaginar o silêncio e a expectativa gerados  por essa estória. Todos percebiam o alcance de tais acontecimentos, do que representavam seus personagens, seus atos e suas opções. Assim é o uso de Jesus das parábolas em seus ensinamentos. Na maioria delas, Jesus não dá explicações. Elas são claras e provocam a meditação. A Parábola do Samaritano proporciona entrar no cerne do amor ao próximo. Mas Jesus vai além em sua catequese.

3. Uma ordem: “Vai e faze tu a mesma coisa” (Lc 10, 37b) 

Ao concluir a parábola, Jesus não se contenta somente em provocar a reflexão. Jesus provoca o mestre da Lei. Diante da pergunta feita anteriormente por ele, quanto a quem era o seu próximo, Jesus prossegue questionando: Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu na mão dos assaltantes? (Lc 10, 36) A pergunta de Jesus supõe uma troca. A questão não é de quem é o próximo que se deve amar. Quando se tem o amor misericordioso de Jesus, faz-se como o samaritano: aproxima-se de quem está em necessidade, fragilizado, abandonado. Esse amor não respeita barreiras, limites, rótulos, preconceitos… O samaritano acolheu o homem, um judeu. Os cristãos são chamados a tornarem-se próximos de todos os homens. 

O mestre da Lei, no entanto, reluta em dizer que o samaritano foi o próximo daquele homem. Ele simplesmente afirma: “Aquele que usou de misericórdia para com ele” (Lc 10, 37a). Sua resposta está certa, o próximo foi aquele que usou de misericórdia, ou seja, aquele que foi além de suas possibilidades, cuidando do homem, dando-lhe seu coração. Entretanto, a dificuldade de dizer que fora realmente um samaritano, um herege, que havia feito o que se devia fazer, superando em amor a preocupação com a pureza e a pressa do sacerdote e do levita, revela que ele ainda não tinha se deixado tocar pela proposta de Jesus. Mas a provocação de Jesus continua a ecoar nos ouvidos dos discípulos de hoje. 

Jesus então conclui: “Vai e faze tu a mesma coisa” (Lc 10, 37b). Aqui não se trata de uma mera conclusão. Como vimos, em Lucas o caminho para Jerusalém supõe um comprometimento e uma despedida. Ao final da Parábola do Samaritano temos um envio, um “ide” para o mestre da Lei e para todo aquele que a ouvir. Trata-se de uma missão, tornar-se próximo para amar é a missão de todo cristão. 

4. Uma Igreja Samaritana 

O papa Francisco, em vários de seus escritos e pronunciamentos, tem apresentado a necessidade da identidade da Igreja como uma “Igreja Samaritana”. Para ele é missão dos cristãos curar as feridas, construir pontes, estreitar laços, ajudar a carregar os fardos uns dos outros (EG 67). Ainda segundo o Papa, é essa atitude que os feridos das  periferias existenciais aguardam dos discípulos missionários (EG 88). A Igreja Samaritana é aquela que acolhe, que se faz próxima daqueles que estão pelo caminho. É uma Igreja que sabe amar. 

Tendo diante de nós a parábola do Samaritano, somos convidados a desenvolver em todas as nossas comunidades uma catequese, ou melhor, um processo de Iniciação à Vida Cristã que nos leve a recriar em nós algumas das atitudes de Jesus presentes nesta parábola. Vale lembrar que Jesus, ele mesmo, é o grande Samaritano. Cada uma das atitudes do Samaritano na parábola- aproximar-se, ver, ter compaixão, solidarizar-se, partilhar, cuidar – são atitudes que Jesus desenvolve em sua vida pública. Ele continua a ser para nós o Caminho que devemos seguir em nosso itinerário de IVC. 

Aproximar. A proximidade é uma constante na vida missionária de Jesus. Ele estava próximo, de modo especial, dos mais necessitados. Era capaz de interromper uma caminhada, parar, sentir o grito de quem estava à margem da vida. Estamos muito acostumados a ficar “à disposição” das pessoas, na “segurança” de nossas igrejas, casas de encontros ou centros catequéticos, à espera de que as pessoas ou mesmo os jovens venham até nós. No entanto, sem um contato direto com a realidade das pessoas, nós não seremos  provocados a tomar atitudes diante dos desafios que ameaçam a vida hoje. O processo de Iniciação à Vida Cristã nos leva a ser mais ousados: sair de nossas seguranças e nos aproximar das pessoas. Ele quer despertar a consciência e a prática missionária em todas as atividades de nossa comunidade, abrindo-nos às nossas realidades e situações do mundo do hoje, não nos fechando apenas nas atividades dentro das igrejas ou em nossas reuniões. 

Ver. A IVC nos desperta para termos a compaixão de Jesus diante da situação e comportamento de risco de muitas pessoas e de famílias que “estão à beira do caminho”, necessitadas de nossa presença e atuação misericordiosa. Precisamos abrir os olhos e enxergar a necessidade das pessoas e não cortar caminho, abandonando-as com a desculpa que estamos atarefados com as “coisas” da Igreja… Nós e nossas comunidades somos convidados a nos posicionar com maior responsabilidade diante do graves problemas e desafios que nos circundam nos dias de hoje. 

Solidarizar. O bom samaritano se solidarizou com o homem ferido. O  processo de IVC nos convida a ter mais solidariedade com pessoas feridas por situações sociais de exclusão, como desemprego, drogas, saúde precária, direitos violados, falta de  base familiar. Não se trata apenas de um trabalho assistencialista. Precisamos, sobretudo, a partir de uma consciência crítica diante da nossa realidade social, capacitar as pessoas, especialmente os jovens, a serem sujeitos da transformação de que o mundo tanto necessita. 

Partilhar. A partilha da condução entre o samaritano e o homem ferido é sinal de fraternidade manifestada na vida e no uso de bens. A IVC nos lembra da importância de reforçarmos nossas experiências de fraternidade comunitária. Viver em comunidade é uma exigência do Evangelho. Ninguém se salva sozinho. É importante que em nossos grupos paroquiais, sobretudo em nossas ações catequéticas, haja, cada vez mais, um ambiente adequado de partilha de vida e de esperança. Precisamos encontrar formas de envolvimento das pessoas no seguimento a Jesus Cristo e estimular a convivência de grupos fraternos em nossas comunidades, onde as pessoas possam encontrar espaço para um encontro pessoal com o Senhor e com o próximo que ele tanto quer ver bem atendido. 

Levar à hospedaria. Temos aí um símbolo de lugar de tratamento e acolhida em um espaço comum. A comunidade paroquial deve ser um espaço onde as pessoas, sobretudo os catequizandos, se sintam bem como quem está em casa. Se as pessoas não se sentem em casa na Igreja, elas vão procurar outros espaços que as “acolham”. A comunidade precisa ter um clima de leveza, de compreensão. As pessoas vêm, às vezes, feridas, machucadas, marcadas por decepções familiares e sociais. Nossas comunidades precisam ser espaços de cuidado com as pessoas. Elas devem se sentir envolvidas, valorizadas, descobrindo que são amadas por Deus e pela comunidade. Uma atenção especial deve ser dada aos adolescentes e jovens. A comunidade tem a missão de acolher as pessoas e procurar ajudá-las a se encontrarem consigo mesmas, com o próximo e sobretudo com o Senhor… Quando o coração se abre, tudo fica mais fácil! 

Referências: 

ABOGUNRIN. S. O. Lucas. In FARMER, Willian R. (Org.). Comentário Bíblico Internacional. Comentário católico y ecuménico para el siglo XXI. Navarra: Editorial Verbo Divino. 2005. p. 1244-1307. 

LESKE, A. Mateo. In FARMER, Willian R. (Org.). Comentário Bíblico Internacional. Comentário católico y ecuménico para el siglo XXI. Navarra: Editorial Verbo Divino. 2005. p. 1139-1210 

Essa e outras parábolas de Jesus devem ser aplicadas à realidade atual dos catecúmenos. Eles podem até reescrever algumas parábolas situando-as no ambiente em que vivem (Quem são os feridos no caminho hoje? Quem passa adiante e não lhes dá atenção? Quem se dispõe a atendê-los?) E já que é tão importante socorrer os necessitados, os catecúmenos devem ser apresentados aos agentes das pastorais sociais, visitar com eles os que precisam de ajuda e refletir sobre como se construiria uma sociedade onde todos estivessem bem, com seus direitos respeitados. Afinal, a melhor ajuda seria criar condições para que as  pessoas não precisem mais de socorro. 

Publicado In: PERUZZO, José Antônio. E seguiram Jesus: Caminhos bíblicos de Iniciação. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 103-114.