A primeira mulher subsecretária do Sínodo dos Bispos: «Nunca o imaginei»

«Nunca o imaginei; experimentei que o Espírito Santo está cheio de surpresas. Estou muito sensibilizada e ao mesmo tempo recebo esta nomeação como um chamamento da parte da Igreja e do papa Francisco, que se une a um chamamento interior que sinto desde há anos para me colocar ao serviço da sinodalidade.»

Foi desta forma que a religiosa francesa Ir. Nathalie Becquart reagiu à sua nomeação, pelo papa Francisco, para subsecretária do Sínodo dos Bispos, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.

«Passei o último ano e meio a realizar um trabalho de investigação sobre a sinodalidade no Boston College, e este chamamento religa-me precisamente a esse trabalho. Houve também a experiência do Sínodo dos Bispos sobre a juventude. A minha experiência na Conferência Episcopal [Francesa] sobre a Pastoral Juvenil foi um momento muito forte para mim. Por isso, é com tudo isto que me avizinho desta nova etapa, que vejo verdadeiramente como uma nova aventura», declarou.

Nathalie Becquart, que em 2019 foi escolhida pelo papa para consultora da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, interpreta a nomeação como «um sinal de confiança para com as mulheres na Igreja, para com as religiosas e, mais em geral, também para com os leigos, e como resposta a tudo aquilo que foi afirmado durante os últimos sínodos, e sobre o qual o papa insiste muito: o desafio de envolver as mulheres nas decisões e no discernimento na Igreja».

«Uma porta foi aberta, veremos depois que outros passos podem ser dados no futuro»

A escolha de Francisco requer «uma exigência espiritual maior: quanto mais responsabilidade se tem, mais se tem de servir. O que é bom e útil para mim é o facto de já ter visto subsecretárias mulheres, dado que nos anos passados na Conferência Episcopal, tive a oportunidade de estar em contacto com alguns dicastérios, a Congregação para a Vida Consagrada, a secção Juventude do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, onde trabalham duas subsecretárias leigas. Ter visto estas figuras femininas levar por diante este género de missão servir-me-á, certamente, de ajuda».

«Gosto de trabalhar numa equipa diversificada, como sempre aconteceu nas minhas diferentes experiências; e para mim o desafio é este: trabalhar juntos na Igreja, homens, mulheres, sacerdotes, bispos, leigos, religiosos, na diversidade das vocações», afirmou a religiosa nascida em 1969, que se especializou em teologia e filosofia, e que dirigiu o Serviço Nacional para a Evangelização dos Jovens e para as Vocações do episcopado francês.

Para o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o cardeal maltês Mario Grech, a nomeação de Nathalie Becquart, que terá direito a voto, «ajuda a recordar de maneira concreta que nos caminhos sinodais a voz do Povo de Deus tem um lugar específico, e que é fundamental encontrar modos de favorecer neles uma participação efetiva de todos os batizados».

«Uma porta foi aberta, veremos depois que outros passos podem ser dados no futuro», acrescentou o responsável.

A próxima assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos, prevista para outubro de 2022, terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
Marine Henriot, SIR
In Vatican NewsSIR
Trad./edição: Rui Jorge Martins
Imagem: Ir. Nathalie Becquart | D.R.