Mišpāţ, şedeq e şedāqāh. Direito, justiça e retidão. Esse é o clamor dos Profetas de Israel expresso nos textos bíblicos. Trata-se, na visão judaico-cristã, de pilares estruturantes do projeto libertador de Deus para o seu povo amado; balizas para nortear a convivência entre seus filhos e filhas.
Ora, se a voz profética sempre foi necessária ao longo da história de Israel, ainda que muitos tentassem calá-la, não é diferente hoje. Segue sendo urgente que se levante a voz em prol da defesa da vida ameaçada em todas as suas dimensões. E, nesta data, em que se recorda a luta da mulher por sua dignidade, há que se bradar pela conquista do direito, da justiça, da retidão que humanizará nosso horizonte. Mulher e homem vivendo, de fato, aquilo para o que foram criados: ser imagem de Deus!
No entanto, infelizmente, o Ipea nos informa que entre 2001 e 2011, uma mulher foi agredida e morta a cada hora e meia no Brasil e que quase um terço dos feminicídios ocorreram dentro da casa das vítimas. Sim. Há que se levantar a voz, profeticamente, contra esse absurdo, e aclamar a iniciativa de nossas pouquíssimas representantes no parlamento (51 deputadas federais dentre 513 parlamentares!) em seu trabalho pelas conquista dos direitos das mulheres brasileiras, assim como o ato da presidenta Dilma Rousseff que sanciona hoje, 09 de março de 2015, o texto do projeto de lei que tipifica o crime de feminicídio no Brasil.
Iniquidade? Não mais: Equidade! O clamor precisa prosseguir.
Tânia Jordão