Esperar contra toda a esperança (Ro 4, 18)

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“[…] a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomam o nosso chão, aquilo que para nós representa a nossa própria vida e a nossa sobrevivência nesse grande Brasil chamado… chamado de um país cristão.”

(Excerto do discurso de Marçal Tupã’y a João Paulo II, Manaus, 1980).

Deixar que o outro seja, ser tolerante, aceitar a belíssima diversidade das gentes… Quanto custa isso quando nos julgamos detentores do que é o correto, o melhor para todos. Mas, se professamos nossa fé no Criador, e Ele nos criou plurais, está na hora de um posicionamento claro e contundente em favor daqueles que são marginalizados, rechaçados socialmente, expropriados de seus direitos fundamentais: ter a terra para ter Vida. Não qualquer terra, mas aquela que traz raízes ancestrais, sagradas. Muitos lutaram (e tombaram) na luta pelos direitos dos indígenas. Em solidariedade a estes e no ensejo de ser mais uma voz a clamar pela justiça no contexto brasileiro atual, também o Observatório da Evangelização buscará repercutir essa temática em seu espaço. Há muito que aprender com esses nossos irmãos. Em comunhão cristã, abramo-nos, pois, à diversidade dos povos.

Nesse primeiro artigo relativo à questão indígena, fazemos memória do Guarani Marçal Tupã’y, assassinado há trinta anos para que se calasse. Foi graças a sua voz que em muitos outros países se soube o que, então, se passava no Brasil, no tocante às nações desses povos. Infelizmente, não podemos dizer que a situação esteja melhor em nossos dias. Aliás, até hoje, não se fez justiça a respeito daquele crime. Para que se conheça algo da trajetória do profeta dos povos indígenas, Tupã’y, vale a pena conferir:

http://www.cicaf.org.br/index.php/noticias/item/1110-marcal-de-souza-tupa-y-vive

“Marçal,

paixão de Cristo-índio,

verbo encarnado em corpo Guarani

empresta o sangue que dança

nas chamas da liberdade que amanhece em ti.

Marçal, Marçal,

és profeta de um novo canto,

de uma Terra livre e sem quebrantos

que é compromisso dos que estão aqui.

Marçal,

tua morte só apressa o dia,

em que o alto preço desta covardia,

será cobrada pelos Guarani.

Evangeliza o povo branco

em seus rituais de morte e violência

Dá vitória às lutas ameríndias e

dignidade às brancas consciências.

Marçal,

tua boca engravidou dos brancos

as palavras com sonhos morenos

dá força ao povo e voz aos hinos,

pois, tua santidade há em nós de menos.

Teu povo livre, em romaria,

conquista a terra que é dos Guarani.”

(Luis A. Passos)