Observatório de Evangelização
MENU
  • Home
  • Atualidade
  • Arquivos
  • Artigos
  • Bíblia
  • Espiritualidade
  • Observatório
  • Youtube
  • Sobre
  • Home
  • Atualidade
  • Arquivos
  • Artigos
  • Bíblia
  • Espiritualidade
  • Observatório
  • Youtube
  • Sobre
Publicações recentes
  • [ março 5, 2025 ] Vale do Jequitinhonha e a ecologia integral Artigos
  • [ março 4, 2025 ] Os pobres ainda têm lugar nas nossas teologias? Artigos
  • [ maio 30, 2024 ] Corpus Christi: outra compreensão necessária a partir dos sinais dos tempos Artigos
  • [ maio 10, 2024 ] Um modo confiável de ajudar nossos irmãos e irmãs do Sul Atualidade
  • [ maio 9, 2024 ] O estudo da filosofia e da teologia Artigos
  • [ maio 9, 2024 ] Tragédia anunciada (mais uma)! Chuva demais, inteligência e responsabilidade de menos Artigos
  • [ abril 30, 2024 ] Pastoral do Povo da Rua tem novo bispo referencial Atualidade
InícioArtigosDiálogo intergeracional 2: Cabelos grisalhos, por Jorge Alexandre Alves

Diálogo intergeracional 2: Cabelos grisalhos, por Jorge Alexandre Alves

abril 24, 2024 Observatório de Evangelização Artigos, Diálogo, Juventudes Comentários desativados em Diálogo intergeracional 2: Cabelos grisalhos, por Jorge Alexandre Alves

Diante dessa realidade, como sonhar com um amanhã melhor? Para muitos jovens de camada popular, o futuro inexiste. Sem futuro não há utopia. Resta matar um leão por dia para ter o que comer e o que vestir. Vemos poucos jovens nestes eventos em que estamos presentes porque a moçada tá “no corre da vida defendendo um qualquer”, como eles dizem. Não há mais uma comunidade de fé ou um movimento social que financie essas experiências. Quem o fará em um mundo social reduzido a duas instituições – família e Estado –pelo neoliberalismo? E um detalhe: a maioria destes jovens não são católicos. Não deveríamos pensar que estamos em uma bolha geracional formada por nós mesmos ao longo do tempo? Não estaríamos nós hermeticamente fechados em nossas verdades e metodologias a ponto de não conseguirmos mais escutar os mais novos? Queremos ceder o protagonismo às novas gerações?

Confira o artigo do Jorge Alexandre Alves (os grifos são nossos):

CABELOS GRISALHOS
(em resposta a “CABELOS BRANCOS”, de Frei Betto)

Caríssimo Frei Betto,

Acabei de ler seu mais recente texto, “CABELOS BRANCOS”, que traz uma série de reflexões importantes. Seu olhar aguçado e perspicaz nos interpela sobre um fenômeno que não é exatamente novo, mas que agora salta aos nossos olhos.

Provocado pelo artigo de sua autoria, tomo a ousadia de fazer essa resposta. Quem sabe não posso também dar alguma contribuição para a questão que você nos trouxe?

Estivemos juntos algumas vezes ao longo dos últimos anos, em encontros e palestras. Tive a honra de conversar longamente contigo em um carro, a caminho do bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, quando sua biografia foi lançada em uma comunidade no extremo da periferia da outrora Cidade Maravilhosa.

Frei Betto, entendo que sua indagação a respeito do envelhecimento das ideias é provocativa. Ora, somos discípulos de um prisioneiro político executado sumariamente pelas forças de um império há 2 mil anos. Se as ideias que levaram Jesus à cruz tivessem morrido no Calvário, não estaríamos aqui, não é mesmo?

Da mesma forma, as ideias de Marx não morreram com a derrubada do Muro de Berlim. Basta vermos nas redes digitais (que não são nada sociais, diga-se) o trabalho feito por jovens como Sabrina Fernandes ou o Chavoso da USP. Olhemos para a experiência de videocasts como o Podpah… A gente sequer consegue fazer algo semelhante ou mesmo ser convidado por esse pessoal que tem canal aberto com as juventudes.

Sou exatamente três gerações mais novo que o senhor. No meio do ano completo 50 anos e meus cabelos já estão grisalhos. Arrisco-me a dizer que minha geração pegou o finalzinho daquela época áurea das Comunidades Eclesiais de Base, da Teologia da Libertação, daquela grande geração de bispos comprometidos com as causas da vida, como dizia Pedro Casaldáliga.

Na Igreja, fui testemunha ocular do ponto de virada destes tempos de esperança primaveril para o deserto frio de uma Igreja autorreferencial. Pouco a pouco foi censurando, punindo que apoiava as lutas populares e se retirando ela mesma dessas lutas. As milícias da Zona Oeste agradeceram.

O catolicismo perdeu capilaridade social no Rio de Janeiro. Eu vivo aqui desde que nasci. A cidade, tão pujante em sua cultura, sempre foi um terreno muito degradado em termos eclesiais.

A arquidiocese carioca sediou a experiência-piloto da restauração romana, do clericalismo, do reacionarismo que caracterizou o projeto da “volta à grande disciplina”, como bem advertiu o saudoso João Batista Libânio. Quarenta anos mais tarde, o que era um experimento diocesano tornou-se a regra na maior parte do Brasil.

Tendo passado pela Pastoral da Juventude nos anos 1990, minha fé libertadora e meu corpo sentiram o peso da instituição eclesial quando o nosso modo de ser Igreja Jovem naquele tempo foi perseguido e proibido. Vivi algo semelhante na minha vida profissional, ao passar mais de duas décadas na educação católica. Neste caso até mais grave porque era perpetrado por gente de discurso progressista e libertador. Ou seja, o cancelamento e o assassinato de reputação não é monopólio do neofascismo nem coisa recente criada pelo fundamentalismo cristão no Brasil. Entre nós, ele sempre esteve presente de alguma forma, talvez não fosse tão agressivo e acintoso como é hoje.

Evidentemente que essa coisa fascistóide precisa ser denunciada e combatida, mas anda difícil dizer algumas verdades incômodas em certo círculos do campo progressista. Tem sido essa a experiência que nós, professores da rede federal, temos vivido porque resolvemos entrar em greve, quando somos acusados de querer prejudicar o governo.

Nossas disputas internas, nossos expurgos e fratricídios por vezes são tão ou mais dolorosos que os ataques da extrema-direita. Será que os mais jovens já não perceberam isso e o quanto é difícil ser escutado pelos “cabeças-brancas” a ponto de preferirem simplesmente não estar?

Em um tempo marcado pelas doenças da alma, para quê adoecer onde você deveria alimentar a esperança? Tem sido melhor ficar e lutar nos territórios. Ação local para pensar global. Talvez um primeiro exercício nosso de revisão de práxis fosse escutar mais do que ter algo a dizer.

Aqui no Rio tenho sido chamado para falar em alguns lugares também. Seja na Baixada Fluminense, ou em assessorias para o CEBI ou para o Movimento Fé e Política. Não falo para milhares de pessoas como o senhor, mas em grupos menores onde tenho falado a presença raramente é jovem.

Desde antes da pandemia observo o mesmo fenômeno indicado em seu texto. Onde estão nossos jovens? Eu me refiro à turma da PJ, das Comunidades de Base, catequistas, agentes de pastoral… Mas esse não é um problema isolado do catolicismo progressista.

Semana passada, fui ver o José Dirceu que fez uma fala no auditório do Sindicato dos Bancários, no Centro do Rio. Estava bem cheio, deveria ter umas 250 pessoas. Pois bem, eu com quase 50 anos deveria ser um dos vinte mais jovens no evento. Nos sindicatos, não é diferente. Talvez a exceção seja apenas o MST.

Essa parafernália digital que nos cerca também roubou a ideia de futuro, de amanhã. Tudo é aqui e agora. O que aconteceu há meia hora pode ter ficado envelhecido e ultrapassado. Soma-se a isso mudanças no mundo do trabalho que precarizam os raros empregos formais e a condição de abandono da escola básica.

Diante dessa realidade, como sonhar com um amanhã melhor? Para muitos jovens de camada popular, o futuro inexiste. Sem futuro não há utopia. Resta matar um leão por dia para ter o que comer e o que vestir.

Vemos poucos jovens nestes eventos em que estamos presentes porque a moçada tá “no corre da vida defendendo um qualquer”, como eles dizem. Não há mais uma comunidade de fé ou um movimento social que financie essas experiências. Quem o fará em um mundo social reduzido a duas instituições – família e Estado –pelo neoliberalismo? E um detalhe: a maioria destes jovens não são católicos.

Não deveríamos pensar que estamos em uma bolha geracional formada por nós mesmos ao longo do tempo? Não estaríamos nós hermeticamente fechados em nossas verdades e metodologias a ponto de não conseguirmos mais escutar os mais novos? Queremos ceder o protagonismo às novas gerações?

Para não dizer que tudo são espinhos, vejo alguns sinais de esperanças. Aqui no Rio de Janeiro, todas as vezes que evangélicos progressistas promovem debates e encontros, há uma grande quantidade de jovens muito envolvidos com a luta por uma sociedade justa.

Os dois últimos em que estive, organizados pelo ISER, tinham esse perfil. Não valeria a pena prestar atenção no que eles – os evangélicos progressistas – estão fazendo para entender onde estamos errando?

Vale também ressaltar o bonito diálogo feito Marcelo Barros e Rose Costa com jovens muito comprometidos na organização do Encontro de Juventudes e Espiritualidades Libertadoras (ENJEL). Na preparação de seu próximo evento, uma coisa me chamou a atenção: a programação é toda feita a partir de rodas de vivência e de conversa.

Diferentes de outros formatos a que estamos acostumados, onde apenas vamos ouvir muita coisa boa, mas de forma passiva. Ao contrário, este encontro propõe uma metodologia baseada no diálogo e na escuta e, sobretudo, oferece protagonismo aos jovens, algo que ainda se resiste muito em acontecer em certos ambientes.

Precisamos sair do planalto e descer para a planície das juventudes. Ou se preferir, sair dos centros e partir para as periferias, sair do asfalto e subir os morros, entrar nas favelas onde estão os jovens com quem queremos dialogar, se de fato desejamos esse diálogo e suas consequências.

Afinal, como bem o senhor lembra, a cabeça pensa onde os pés pisam. Será que estamos pisando os mesmos terrenos das juventudes?

Frei Betto, finalmente peço que me perdoe se lhe pareço impertinente ao responder seu artigo. Não foi minha intenção. Receba como um diálogo que alguém de cabelos grisalhos dirige a alguém de cabelos brancos.

Um grande abraço,

Jorge Alexandre Alves é professor do IFRJ e do Movimento Fé e Política.

Foto: Registro do 12º Encontro Nacional de Fé e Política

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • 18+

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Relacionado

  • Diálogo intergeracional
  • Evangélicos progressistas
  • Juventudes
  • Protagonismo juvenil
Anterior

Diálogo intergeracional 1: Cabelos Brancos, por Frei Betto

Próximo

Diálogo intergeracional 3: Pois é, Frei Betto. Por Ruan de Oliveira Gomes

Artigos Relacionados

Arquivos

Iza e João Gomes: o que cantam as juventudes sobre a própria fé

junho 30, 2022 Observatório de Evangelização Arquivos 1

Se você não sabe quem são as duas celebridades citadas no título deste texto, certamente está classificado entre os membros que antecedem a chamada geração Z. Isso porque, entre os mais jovens, os dois artistas [Leia mais…]

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • 18+

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Arquivos

Jovens dizem o que querem para os próximos 100 anos

novembro 17, 2021 Observatório de Evangelização Arquivos Comentários desativados em Jovens dizem o que querem para os próximos 100 anos

É HOJE! Lançamento do vídeo “O que se esperar para o futuro?” A Arquidiocese de BH completa, em 2021, 100 anos. Comemorar o centenário é também jogar luzes no futuro que queremos para a igreja, [Leia mais…]

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • 18+

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Artigos

Diálogo intergeracional 3: Pois é, Frei Betto. Por Ruan de Oliveira Gomes

abril 24, 2024 Observatório de Evangelização Artigos, Diálogo, Juventudes Comentários desativados em Diálogo intergeracional 3: Pois é, Frei Betto. Por Ruan de Oliveira Gomes

Queria alargar nossas reflexões e sim, acredito que sim, muitas das ideias da sua geração, ideias que construímos para fazer pastoral e movimentos com propostas políticas já não tocam mais nossos corações e não dizem [Leia mais…]

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • 18+

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Arquivos por Mês e Ano

Postes | Tags | Comentários

  • Vale do Jequitinhonha e a ecologia integral
  • Os pobres ainda têm lugar nas nossas teologias?
  • Corpus Christi: outra compreensão necessária a partir dos sinais dos tempos
  • Um modo confiável de ajudar nossos irmãos e irmãs do Sul
  • O estudo da filosofia e da teologia
  • Tragédia anunciada (mais uma)! Chuva demais, inteligência e responsabilidade de menos
  • Pastoral do Povo da Rua tem novo bispo referencial
  • O presbítero, homem de coração dilatado
  • O Clericalismo que habita em nós
  • Uma Igreja sinodal em missão
  • Você conhece a Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte?
  • Uma experiência sinodal na Igreja do Brasil
Arquidiocese de Belo Horizonte CEBs Clipping do NESP Concílio Vaticano II Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB Conselho Indigenista Missionário - CIMI Dom Vicente de Paula Ferreira E a Palavra se fez Carne Edward Guimarães Leonardo Boff Luis Miguel Modino Meditação do Evangelho do dia Papa Francisco Para iluminar... Pe. Francys Silvestrini Adão Pe. Matias Soares Rede Eclesial Pan-Amazônica - Repam Reforma da Igreja Seguimento de Jesus Sínodalidade Sínodo da Amazônia Sínodo para a Amazônia Teologia espiritual Élio Gasda SJ
  • Ana Queiroga Vieira de Morais: Parabéns, pela clareza no texto.
  • Observatório da Evangelização: Obrigado pelo seu pertinente comentário, Alfredo.
  • Alfredo dos Santos Jr.: "Ser católico, na América Latina, deixou de ser obrigatório. O catolicismo, no mundo de hoje, não é mais um fenômeno…
  • Maria Darc: Eu não conhecia a escola, Foi indicada pela minha medica que fez alguns cursos com voces. Achei bem atractivo e…
  • Alfredo dos Santos Jr.: Excelente e oportuno artigo. Infelizmente, não vemos boas perspectivas de mudar este estado de coisas.
  • Dirce: Concordo plenamente no Senhor. Porém, qual seria sua indicação? Votar no Lula? Uma pessoa que destruiu o Brasil financeiramente e…
  • Luis Cesar de Oliveira: Com todo respeito ao Prof. Elio Gasta, esta é uma releitura pobre da história social e econômica atual do Brasil.…
  • Pe. Agenor Roberto da: Excelente texto! Provocativo e questionador! Concordo integralmente com Dom Luiz: "A Igreja não será sinodal sem a presença e participação…
  • Dione Menz: Gostei muito da análise, “trás à baila” questões que precisam ser visibilizadas e problematizadas.
  • Francisca Eliane da Costa Pinheiro: Parabéns pelo artigo ! Muito bom!
  • Loriete D Godinho: Texto espetacular! Parabens!
  • Heliane Rodrigues Machado: O texto nos leva a refletir o quanto nossa igreja está atrasada... continua preocupada só com o altar...
View this post on Instagram

A post shared by Observatório da Evangelização (@observadordaevangelizacao)

Siga-nos no Facebook

Copyright © 2024 | Todos os Direitos Reservados | Observatório de Evangelização

%d