Carta aos Gálatas é inspiração de série de catequeses iniciada pelo Papa Francisco

O Papa Francisco inicia uma série de catequeses inspirada no apóstolo Paulo, mais precisamente aCarta aos Gálatas, na Audiência Geral desta quarta-feira, dia 23 de junhp.

De acordo com o Papa Francisco “a Carta aos Gálatas é muito importante, diria até decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas, sobretudo, para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho. Parece escrita para os nossos tempos”, explica o Pontífice.

As primeiras comunidades cristãs

Entre os temas a serem explorados nas próximas semanas, estão a conversão, a liberdade, a graça e o modo de vida cristão. A primeira temática abordada pelo Papa Francisco foi a obra de evangelização realizada pelo Apóstolo, que visitou as comunidades da Galácia pelo menos duas vezes durante as suas viagens missionárias.

Sabe-se que os gálatas eram uma antiga população celta.  Em consequência de suas muitas vicissitudes, estabeleceu-se na extensa região da Anatólia, que tinha a sua capital na cidade de Ancira, hoje Ankara, capital da Turquia.

Paulo relata apenas que, por causa de uma doença, viu-se obrigado a permanecer naquela região – “fato que indica que o caminho da evangelização nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros caminhos que não estavam previstos” – observa o Papa.

A chegada dos “abutres”

Para o Papa Francisco, é interessante notar a preocupação pastoral do Apóstolo, pois havia muitos infiltrados semeando teorias contrárias aos seus ensinamentos, chegando a ponto de o difamar. Como alguém dizia,  comparou o Pontífice, “vêm os abutres a destruir a comunidade”.

“Como podemos ver, é uma prática antiga a apresentar-se em certas ocasiões como o único possuidor da verdade e procurar menosprezar o trabalho dos outros, até com a calúnia”, afirma.

Entre as intrigas, os adversários argumentaram que os Gálatas teriam de renunciar à sua identidade cultural e eles se encontravam numa situação de crise. Para eles, que conheceram Jesus e acreditaram na obra de salvação realizada através da sua morte e ressurreição, foi verdadeiramente o início de uma nova vida, mas se sentiam desorientados e incertos sobre como se comportar e a quem ouvir.

“Pensemos em alguma comunidade cristã ou diocese: começam as histórias e depois acabam por desacreditar o pároco, o bispo. É precisamente o caminho do maligno, dessas pessoas que dividem e não sabem construir. E nesta Carta aos Gálatas vemos este procedimento.”

Uma situação que se apresenta também hoje, constata o Papa Francisco:

“Ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, apresentam-se não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros ‘guardiões da verdade’, qual é a melhor maneira de ser cristão.”

A liberdade oferecida por Cristo

Estas pessoas afirmam que o verdadeiro cristianismo é aquele a que estão ligados, frequentemente identificado com certas formas do passado, e que a solução para as crises de hoje é voltar atrás para não perder a genuinidade da fé. Também hoje, como outrora, existe a tentação de se fechar em algumas certezas adquiridas em tradições passadas.

O traço que distingue essas pessoas, segundo o Papa, é a rigidez: “Diante da pregação do Evangelho que nos torna livres e nos faz alegres, esses são rígidos”.

Mas é o próprio Apóstolo que indica o caminho a seguir, e é o caminho libertador, sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade.  “Os novos pregadores não conhecem o significado da humildade, da fraternidade”; é o caminho da confiança mansa e obediente, que os novos pregadores não conhecem, na certeza de que o Espírito Santo age em cada época da Igreja. “Em última instância, a fé no Espírito Santo presente na Igreja nos leva avante e nos salvará.” – ensina o Papa Francisco.

Fonte: Arquidiocese de BH