A pergunta ouve-se aqui e ali, repete uma inquietação milenar:
- Onde está Deus neste tempo em que morrem milhares de pessoas por causa da pandemia?
- Onde está Deus nas multidões de crianças, adultos e idosos que desde há muito – desde sempre – perdem a vida por causa da fome, guerra, migrações, exploração, fenômenos naturais…?
Voltamos a propor aqui uma pertinente conferência proferida há oito anos pelo, hoje, cardeal dom José Tolentino Mendonça, no extinto convento das Dominicanas, em Lisboa, sobre o tema “O elogio das crises de fé”
A cada dia desta Semana Santa, até Sexta-feira, apresentaremos um excerto de cerca de 10 minutos com a intervenção do agora cardeal arquivista e bibliotecário do Vaticano, à maneira de meditação para um retiro de silêncio, busca, esperança:
A palavra de José Tolentino Mendonça
«Mais do que uma palavra, crise é uma árvore de ramos incessantes». «A crise é uma espécie de assinatura humana.» «A crise é essencial para podermos crescer». «Não há vida», «maturação pessoal», «crescimento espiritual» nem «consciência de si» que «não suponha a experiência» da crise.
«Não faz sentido alimentarmos uma visão puramente negativa da crise». O que nos é pedido, «antes de tudo, é que escutemos a sua voz», tornando-a um «lugar de aprendizagem». «A crise aparece como um apelo e uma mensagem que é preciso decifrar».
«O verdadeiro problema que a crise coloca é como geri-la, que uso fazer dela.» A vida é o perde-ganha. E exatamente «no perde inscreve-se a possibilidade surpreendente» por onde o «imprevisto de Deus pode entrar».
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