Nascido em San Martin, província de Buenos Aires, Argentina, em 1948, filho de pais de origem eslovena que emigraram para a Argentina para fugir da ditadura de Tito, o pe. Pedro Paulo Opeka é o fundador da Comunidade Akamasoa, em Madagascar. “Transformar sonho em realidade” este é o lema desta “Rede de Solidariedade contra a pobreza“, que há mais de 30 anos, trabalha a favor dos pobres da terra.
Um pouco da história do pe. Opeka
Ainda muito jovem, ao ler o Evangelho de Jesus, pensei: esse homem eu não vou imitar, eu vou seguir. Jesus viveu e amou os pobres e isso me impactou. Nas férias e feriados eu acompanhava meu pai no auxilio aos mais necessitados. Trabalhei como pedreiro e até a sua morte eu agradeci a ele por ter me ensinado o oficio de poder construir com minhas próprias mãos. Vi isso como uma graça, um dom, que ajudou muito na minha missão.
Aos vinte e dois anos, sacerdote pela Ordem São Vicente de Paulo, fui pela primeira vez à África, onde trabalhei durante treze anos com camponeses pobres do Sudeste da Ilha Grande, em Madagascar, no plantio de arroz. Simultaneamente, passei a visitar outras áreas e me deparei com uma população enorme, onde muitos morriam de fome diariamente. Vi no lixão da cidade, crianças, homens e mulheres que dividiam e competiam por comida com urubus, cães e porcos.
Foram árduos os primeiros contatos porque eles não acreditavam no jovem branco que falava coisas que eles estavam cansados de ouvir, nada recebendo. Foram mais de seis meses de visitas diárias, de tentativas de fazê-los entender a necessidade de darem vida digna aos seus filhos. As crianças sempre foram uma prioridade para mim.
Finalmente, cerca de setenta famílias cederam ao lema “Não é permitido só falar, é necessário agir“. Conseguimos, com o governo, uma área a sessenta quilômetros da cidade, onde criamos, em 1989, a vila Antolojanahary, que em malgaxe, língua nativa, significa dom de Deus. Em seguida, no ano de 1990, criamos a Associação humanitária Akamasoa, que significa bons amigos.
O objetivo é dar dignidade às pessoas, através de três passos: telhado, trabalho e educação. Sabendo no entanto que a mudança permanente deve ser feita de dentro para fora, alterando mentalidades e hábitos, trabalhando juntos, a fim de romper o círculo vicioso de desespero, delinquência e crime a que pareciam condenados.
Um pouco sobre a Associação humanitária AKamasoa
A Associação Akamasoa em sua luta constante contra a pobreza no país, mas especialmente de amor por um povo, já atendeu mais de quinhentos mil malagaxes. Vinte e cinco mil vivem em dezoito aldeias construídas pela Associação. Somam mais de três mil as casas construídas, além de escolas, centros de saúde, e instalações desportivas.
O sistema de ensino é um dos pilares da Associação. Hoje estão matriculadas mais de doze mil crianças em suas escolas. E o trabalho voluntário, além dos colaboradores magaxes, aceita jovens de outros países. Todas as vilas dispõem de creche, berçário, escola primária, ensino médio e, em Antolojanahary existe a universidade, a Escola Superior de Pedagogia.
Ao lado de ensino geral, há também formação profissional em oficinas de carpintaria, mecânica, alvenaria e vestuário. Na educação, os enfoques são para valores como o trabalho, a disciplina, o respeito, a solidariedade, essencial para a vida da comunidade, porque, segundo pe. Pedro Opeka, “é a maneira de ajudar a moldar personalidades estáveis, capaz de formar cidadãos conscientes que participam na vida de sua nação“. A Associação oferece salário para mais de três mil profissionais, que trabalham na construção e manutenção da própria vila (pedreiros, artesãos, professores, profissionais que atuam na saúde, nas cantinas etc.).
Pe. Pedro Opeka afirma que “é possível vencer a pobreza, é possível devolver aos pobres sua dignidade de filhos de Deus. Vivo em meio a um povo que vivia na extrema pobreza e, com dignidade, com fé, com compaixão, levantamo-nos desse estado“.
Akamasoa – explica o missionário vicentino – é um projeto pelo qual nós nos rebelamos contra a injustiça, nos rebelamos contra um sistema que prende os pobres em um mundo de fatalismos. Acreditamos firmemente que a pobreza não é uma fatalidade, mas criação humana. Segundo ele, para as pessoas sairem da pobreza precisam, antes de tudo, mudar a mentalidade e o estilo de vida.
“Com trabalho, educação e disciplina, a pobreza pode ser superada. O mal e o fatalismo podem ser derrotados. Um futuro melhor pode ser preparado com a participação dos pobres, porque eles devem ser incluídos nas mudanças. Eles são os protagonistas”.
padre Pedro Opeka, missionário da Congregação da Missão (Padres Vicentinos-Lazaristas)
Reflexão, trabalho, educação e disciplina comunitária
Primeiro refletimos juntos para perceber que é possível criar outro futuro para as crianças e jovens. Segundo trabalhamos firmes para esta educação das crianças. Terceiro investimos na disciplina da comunidade. É preciso entender com convicção que a pobreza não deve ser tomada como uma fatalidade, mas sempre como criação humana. Desse modo, há um caminho íngrime a ser trilhado que possibilita sim sair da pobreza.
Para ele, não se trata de um trabalho fácil, mas possível. Ao longo de mais de 30 anos, a Comunidade Akamasoa tem conseguido convencer mais de 80% dos pobres, que se encontravam em um aterro, a mudar de vida e a se responsabilizar pela própria vida e, acima de tudo, empenhar-se para preparar um outro futuro para seus filhos e filhas. Este trabalho já conseguiu tirar mais de 500 mil pessoas da pobreza.
Confira o depoimento do padre Pedro Opeka:
Para conhecer melhor o trabalho do pe. Pedro Opeka:
- http://www.perepedro-akamasoa.org/
- http://webcatolicodejavier.org/PedroOpeka.html
- http://www.clarin.com/sociedad/Cura-argentino-hambre-Africa-Opeka_0_1386461385.html