A gente nem se dá conta
mas o Natal é a história
de um santo distanciamento
em busca de uma santa proximidade
Pela gratuidade do Amor
o Filho eterno do Pai
quis distanciar-se de sua Plenitude
para se aproximar de nossas carências
Já humano como nós
quis distanciar-se dos palácios
para se aproximar de nossos barracos
Distanciou-se das grandes capitais
para se aproximar de nossas periferias
Tomou distância da fama e do poder
abraçando nosso anonimato e indigência
Distanciou-se do senhorio e honrarias
e fez-se próximo do convite e da entrega
Escolha forte, bela, misteriosa, divina
que interroga nossas escolhas
diante das crises e reviravoltas
deste ano de 2020
Aprendemos a nos distanciar da superfície
para nos aproximar da Profundidade?
a nos distanciar do supérfluo
para nos aproximar do Essencial?
a nos distanciar da falsa segurança
para nos aproximar do Mistério?
Que o santo Menino da manjedoura
nos conduza a escolher
os distanciamentos e as proximidades
que transformam nossa vida
num novo e contínuo Renascimento
Um feliz e santo Natal do Senhor para todos nós!
JOÃO 1, 1-18
Belo Horizonte, 25/12/2020
Sobre o autor:
Francys Silvestrini Adão é padre jesuíta e professor de Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. É doutor em Teologia Fundamental e Sistemática pelo Centre Sèvres – Facultés Jésuites de Paris (2019). É membro da equipe de formação jesuíta no pós-noviciado (juniorado e filosofado), estando também envolvido na pastoral juvenil, no programa “Magis Brasil” (https://magisbrasil.com/). É colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.