A REPAM apresenta oficialmente sua nova presidência

A Rede Eclesial Pan-Amazônica apresentou oficialmente no dia 9 de novembro de 2020 a sua nova presidência, constituída pelo cardeal Pedro Barreto como presidente, dom Rafael Cob, vice-presidente, e o irmão João Gutemberg Coelho Sampaio como secretário executivo.

O cardeal Cláudio Hummes, até agora presidente da rede, definia o momento como “um dia muito importante para a REPAM e para todo o processo sinodal que estamos levando em frente”. Conduzido por Deus, como ele mesmo afirmou, começou seu trabalho na Igreja da Amazônia quando voltou de Roma, onde era prefeito da Congregação para o Clero. Agora ele continua esse serviço à Igreja da Amazônia na presidência da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, “onde participam em pé de igualdade religiosos, religiosas, indígenas, leigos, leigas, é um novo tipo de conferência”, segundo Hummes.

O novo presidente da REPAM, Cardeal Barreto, diz que “estamos na continuidade de um kairos sinodal e amazônico”, que, segundo ele, “procura escutar, discernir e colocar em prática a vontade de Deus, e este é um processo que eu vivo com muita gratidão a Deus”. Em suas palavras ele fez uma leitura do que havia vivido nos últimos anos, da assembleia realizada em Puyo, na Amazônia equatoriana, em abril de 2013, onde foi plantada a primeira semente da REPAM.

Seguiu-se a criação da REPAM em 2014, a Laudato Si em 2015, a convocação do Sínodo em 2017, a visita do Papa a Puerto Maldonado em 2018, que ele considera um pré-sínodo e onde a preparação começou, até o Sínodo de um ano atrás. Em 2020 o Papa nos deu, diz Barreto, Querida Amazônia e em 29 de junho, festa de São Pedro e São Paulo, foi criada a CEAMA. Para o novo presidente, “agora temos que caminhar juntos, complementar-nos, buscar estes novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Neste sentido, a REPAM é chamada a “fixar nossa missão no território, a serviço da Igreja e da CEAMA”, insiste o cardeal peruano.

Dom Rafael Cob afirma colocar-se a serviço em seu novo cargo, “para que possamos continuar a ser uma Igreja em saída, uma Igreja samaritana, uma Igreja profética, para que a REPAM continue a ser aquele instrumento que demonstrou, sobretudo no Sínodo Amazônico”. Do que a REPAM tem feito até agora, o bispo do Vicariato de Puyo enfatiza “esta capacidade de coordenação, articulação, trabalho, na escuta, na contemplação, não só deste mundo que Deus nos deixou, que é a casa comum, mas destes povos que caminham na Amazônia, povos que precisam deste acompanhamento da Igreja, como pediram no Sínodo, que a Igreja seja sua aliada para defender a vida e os direitos dos povos que vivem na Amazônia”.

Do CELAM, seu presidente, dom Miguel Cabrejos agradeceu a trajetória da REPAM, que ele definiu como “um trabalho de muita dedicação, entrega e sacrifício, que deu origem a um Sínodo, um Documento Pós-Sinodal, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia e a Conferência Eclesial da Amazônia”. Do CELAM ele expressou sua vontade de colaborar, de caminhar juntos, de continuar a avançar, com criatividade, seguindo as inspirações do Espírito de Deus, levando em conta a encíclica Fratelli Tutti, comunhão, sinodalidade, que todos nós temos como irmãos. Em todo o processo de renovação e reestruturação do CELAM, seu Presidente salientou que ele está intimamente ligado a todo o trabalho da REPAM e da CEAMA.

Dom José Luis Azuaje, presidente da Cáritas América Latina, lembrou as palavras do Papa Francisco, quando disse que a Cáritas é a carícia da Igreja Mãe para seus filhos. Neste sentido, o bispo afirmou que “tem havido muitas carícias de Deus para com a Igreja, especialmente na América Latina, e esta é uma delas, o fato de que estas instituições (CEAMA e REPAM) estão se formando e nasceram da humildade e simplicidade das pessoas que se interessaram, e que nós estamos nos unindo a elas”. Segundo ele, deve-se destacar o trabalho em rede da Igreja na América Latina, o que torna possível “um trabalho mais inclusivo, mais encarnado em toda a região”.

A CEAMA e a REPAM são complementarias, segundo o cardeal Hummes, “elas vão continuar trabalhando juntos, repartindo responsabilidades, mas não com trabalhos separados”. Nesse sentido, os próximos passos da CEAMA, surgidos na assembleia plenária, com uma participação de 250 pessoas, deve levar a concretizar “as coisas mais urgentes e prioritárias que põe o Sínodo e que podemos e devemos começar a construir os caminhos, os processos”, afirma o cardeal, o que ele vê como “um início do plano de Pastoral de Conjunto que a CEAMA está querendo elaborar para toda a Pan-Amazônia”.

Barreto enfatizou a importância dos processos, algo que havia sido forjado desde a época em que ele trabalhou no departamento de Justiça e Solidariedade do CELAM. Ele viu isso se materializar na rede eclesial da Amazônia equatoriana, que foi a semente da REPAM, “procurando articular os grandes esforços evangelizadores que estavam sendo feitos, mas de forma muito dispersa”. O cardeal destaca o apoio do Papa Francisco na época da criação da REPAM, que assumiu a preparação para o Sínodo Amazônico. No Sínodo, “a fraternidade entre os povos indígenas e aquele que eles chamavam de irmão Francisco foi de grande importância, o que tornou possível que Roma se amazoniza-se”, insistiu o novo presidente da rede.

A assembleia realizada em Puyo foi o momento em que se descobriu que “havia uma necessidade real de trabalho em rede, que articulasse todas essas confluências das Igrejas locais para responder aos desafios concretos de nossa Igreja na Amazônia”, de acordo com o novo vice-presidente da REPAM. Para dom Rafael Cob, “assumir esta posição é reafirmar a posição de serviço em favor dos povos que vivem na Amazônia e a caminhada das Igrejas na Amazônia”. Ele define comunhão e unidade como algo transcendental no trabalho da REPAM, a sinodalidade, caminhando juntos, com um horizonte comum, sempre com ousadia, buscando com criatividade uma Igreja que continua a abrir caminhos de comunhão, de fraternidade, com aquele espírito samaritano e profético que a Igreja deve ter.

A pandemia afetou seriamente a Amazônia por causa de sua precariedade, porque a região não era uma preocupação para os governos dos países, segundo o cardeal Barreto. De acordo com ele, a REPAM, como muitas outras instituições, está realmente preocupada com esta situação. Neste contexto, dom Rafael Cob insiste na importância de visitar as comunidades, especialmente as comunidades mais remotas, também aqueles que vivem nas periferias de nossas cidades, que pedem que a Igreja não os esqueça. Para o bispo de Puyo, “é muito importante que a Igreja possa viver com eles essa comunhão e essa dor compartilhada”. Ao mesmo tempo, ele enfatiza a importância da comunicação, através da rádio e das redes sociais, para continuar a dar razões de esperança, de incentivo e de estar com eles.

Sobre o autor:

Luis Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

A seguir, a versão do texto em espanhol, confira:

La REPAM presenta oficialmente su nueva presidencia

La Red Eclesial Panamazónica ha presentado oficialmente su nueva presidencia este 9 de noviembre, compuesta por el Cardenal Pedro Barreto como presidente, Monseñor Rafael Cob, vicepresidente, y el hermano João Gutemberg Coelho Sampaio como secretario ejecutivo.

El Cardenal Claudio Hummes, hasta ahora presidente de la red, definió el momento como “un día muy importante para la REPAM y para todo el proceso sinodal que estamos llevando a cabo”. Guiado por Dios, como él mismo dijo, comenzó su trabajo en la Iglesia de Amazonía cuando regresó de Roma, donde fue prefecto de la Congregación para el Clero. Ahora continúa este servicio a la Iglesia de la Amazonía en la presidencia de la Conferencia Eclesial de la Amazonía – CEAMA, “donde participan en igualdad de condiciones religiosos, religiosas, indígenas, laicos, laicas, es un nuevo tipo de conferencia”, según Hummes.

El nuevo presidente de la REPAM, el cardenal Barreto dice que “estamos en continuidad de un kairós sinodal y amazónico”, que, según él, “busca escuchar, discernir y poner en práctica la voluntad de Dios, y esto es un proceso que yo lo vivo con mucha gratitud a Dios”. En sus palabras hacía una lectura de lo vivido en los últimos años, desde la asamblea celebrada en Puyo, en la Amazonía ecuatoriana, en abril de 2013, donde se plantó la primera semilla de la REPAM.

Posteriormente se dio la creación de la REPAM en 2014, la Laudato Si en 2015, la convocatoria del Sínodo en 2017, la visita del Papa a Puerto Maldonado en 2018, que considera como un presínodo y donde comenzó la preparación, hasta llegar el Sínodo de hace un año. En 2020 el Papa nos regaló, afirma Barreto, Querida Amazonía y el 29 de junio, fiesta de San Pedro y San Pablo, fue creada la CEAMA. Para el nuevo presidente, “ahora nos queda caminar juntos, complementarnos, para buscar estos nuevos caminos para la Iglesia y para una ecología integral”. En ese sentido, la REPAM es llamada a “fijar nuestra misión en el territorio, al servicio de la Iglesia y de la CEAMA”, insiste el cardenal peruano.

Monseñor Rafael Cob afirma colocarse al servicio en su nuevo cargo, “para que podemos seguir siendo una Iglesia en salida, siendo una Iglesia samaritana, siendo una Iglesia profética, para que esta REPAM siga siendo ese instrumento que ha demostrado, sobretodo en el Sínodo amazónico”. De lo realizado hasta ahora por la REPAM, el obispo del Vicariato del Puyo destaca “esa capacidad de coordinación, de articulación, de trabajo, en la escucha, en la contemplación, no solamente de este mundo que Dios nos ha dejado, que es la casa común, sino de esos pueblos que caminan en la Amazonía, pueblos que necesitan ese acompañamiento de la Iglesia, como pedían en el Sínodo, que la Iglesia sea su aliada para defender la vida y los derechos de los pueblos que viven en la Amazonía”.

Desde el CELAM, su presidente, Monseñor Miguel Cabrejos agradecía la trayectoria de la REPAM, que definía como “un trabajo de mucha dedicación, entrega y sacrificio, que ha dado lugar a un Sínodo, a un Documento Postsinodal, a la exhortación apostólica postsinodal Querida Amazonía y a la Conferencia Eclesial de la Amazonía”. Desde el CELAM ha manifestado su disposición a colaborar, a caminar juntos, a seguir avanzando, con creatividad, siguiendo las inspiraciones del Espíritu de Dios, teniendo en cuenta la encíclica Fratelli Tutti, comunión, sinodalidad, que todos tenemos como hermanos. En todo el proceso de renovación y reestructuración del CELAM, su presidente ha destacada que está muy ligado a todo el trabajo de la REPAM y de la CEAMA.

Monseñor José Luis Azuaje, presidente de Caritas Latinoamericana, recordaba las palabras del Papa Francisco, cuando decía que Caritas es la caricia de la Madre Iglesia para con sus hijos. En ese sentido, el obispo afirmaba que “ha habido muchas caricias de Dios para con la Iglesia, especialmente en América Latina, y ésta es una, el hecho de que estas instituciones (CEAMA y REPAM) se vayan conformando y hayan nacido de la humildad y sencillez de personas que se han interesado, y que nos vayamos sumando”. Según él, hay que destacar el trabajo en redes de la Iglesia en América Latina, lo que hace posible “un trabajo más inclusivo, más incluyente, más encarnado en toda la región”.

La CEAMA y la REPAM son complementarias, según el cardenal Hummes, “seguirán trabajando juntas, repartiendo responsabilidades, pero no con trabajos separados”. En este sentido, los próximos pasos de la CEAMA, que surgieron en la asamblea plenaria, con la participación de 250 personas, deberían llevar a la concreción de “las cosas más urgentes y prioritarias que el Sínodo pone en marcha y que podemos y debemos empezar a construir los caminos, los procesos”, afirma el Cardenal, que ve como “el inicio del plan de Pastoral de Conjunto que la CEAMA está tratando de elaborar para toda la Panamazonía”.

Barreto destacaba la importancia de los procesos, algo que se vino fraguando desde el tiempo en que trabajó en el departamento de Justicia y Solidaridad del CELAM. Eso lo vio concretizado en la red eclesial de la Amazonía ecuatoriana, que fue semilla de la REPAM, “buscando articular los grandes esfuerzos evangelizadores que se hacían, pero de forma muy dispersa”. El cardenal destaca el respaldo del Papa Francisco en el momento en que se creó la REPAM, que asumió la preparación para el Sínodo amazónico. En el Sínodo fue de gran importancia “la fraternidad entre los pueblos indígenas y aquel a quien llamaban el hermano Francisco, lo que hizo posible que Roma se amazonizara”, insistía el nuevo presidente de la red.

La asamblea celebrada en Puyo fue momento donde se descubrió que “verdaderamente se necesitaba un trabajo en red, que articulara todas esas confluencias de las Iglesia locales para responder a los desafíos concretos de nuestra Iglesia en la Amazonía”, según el nuevo vicepresidente de la REPAM. Para Monseñor Cob, “asumir este cargo es reafirmar la posición de servicio en favor de los pueblos que viven en la Amazonía y del caminar de las Iglesias en la Amazonía”. Él define la comunión y la unidad como algo trascendental en el trabajo de la REPAM, la sinodalidad, caminar juntos, con un horizonte común, siempre con osadía, buscando con creatividad una Iglesia que siga abriendo caminos de comunión, de fraternidad, con ese espíritu samaritano y profético que debe tener la Iglesia.

La pandemia ha afectado gravemente a la Amazonía por su precariedad, porque la región no era una preocupación para los gobiernos de los países, según el cardenal Barreto. Según él, la REPAM como muchas otras instituciones están realmente preocupada por esta situación. En esa coyuntura, Monseñor Cob insiste en la importancia de visitar a las comunidades, sobre todo a los pueblos más alejados, también a quienes viven en las periferias de nuestras ciudades, que piden que la Iglesia no les olvide. Para el obispo del Puyo, “es muy importante que la Iglesia pueda vivir con ellos esa comunión y ese dolor compartido”. Al mismo tiempo destaca la importancia de la comunicación, a través de las radios y de las redes sociales, de continuar dando motivos de esperanza, de ánimo, de estar acompañando.