Uma Árvore da Memória e da Esperança para recordar as vítimas da COVID-19 e das queimadas

Tudo está interligado, relacionado, algo que o papa Francisco nos lembrava na Laudato Si’ e que a pandemia da COVID-19 tem nos confirmado mais uma vez. Por isso, “É tempo de cuidar” da saudade e da Casa Comum. Essa foi a perspectiva da campanha que a Igreja do Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, propôs para a celebração do Dia dos Finados, marcada por novas situações, que tem impedido repetir os ritos próprios deste tempo em que lembramos nossos seres queridos já falecidos.

A ideia da campanha surgiu na Igreja de Manaus, querendo assim, em palavras do seu arcebispo dom Leonardo Ulrich Steiner, realizar um gesto significativo, num dia em que “nós recordamos sobretudo a vida, a Ressurreição”:

Neste ano queremos recordar, com o gesto do plantio de uma árvore, todos aqueles que vieram a óbito no tempo da pandemia. Mas também porque a árvore recorda a vida, queremos lembrar também das queimadas e desmatamento na região amazônica e no Pantanal”.

Dom Leonardo Steiner concretizou, no início da missa no Dia de Finados”, o gesto do plantio de uma árvore em memória das vítimas da COVID-19 e das queimadas.

Como presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo também insistia na importância de “neste tempo de luto, ao se recordar dos nossos familiares e amigos já falecidos, lembremo-nos também das muitas pessoas que morreram neste ano vítimas da pandemia da COVID-19”. Ele pedia solidariedade para com “a dor das famílias, tantos órfãos, viúvas e viúvos, irmãos que enfrentaram a dor da separação e o luto imposto pela enfermidade”, fazendo um convite a assumir gestos concretos e medidas de proteção. Com essas palavras, lembrava o chamado que o papa Francisco nos faz na Fratelli Tutti, na qual recorda que os cristãos somos chamados a cuidar uns dos outros e praticar a empatia com gestos concretos num tempo de tantos embates desnecessários.

Movidos por esse sentimento e como gesto concreto, convidou o arcebispo de Belo Horizonte:

<p class="has-drop-cap has-text-align-justify" value="<amp-fit-text layout="fixed-height" min-font-size="6" max-font-size="72" height="80">“<em>Em homenagem às vítimas da pandemia e sensível às tragédias ambientais que vem ocorrendo neste ano, a nossa Igreja convida você para um gesto concreto: o plantio de uma árvore, na sua casa ou na sua comunidade, em memória de quem nos deixou vítima da pandemia. Um gesto cristão e cidadão, que inspira a vida diante da morte</em>”.“Em homenagem às vítimas da pandemia e sensível às tragédias ambientais que vem ocorrendo neste ano, a nossa Igreja convida você para um gesto concreto: o plantio de uma árvore, na sua casa ou na sua comunidade, em memória de quem nos deixou vítima da pandemia. Um gesto cristão e cidadão, que inspira a vida diante da morte”.

A pandemia da COVID-19 já ultrapassou 1,2 milhões de mortes no mundo todo, 160 mil no caso do Brasil, números que em muitos casos devem ser ainda maiores, dada a alta subnotificação em praticamente todos os países. Essas pessoas falecidas são bem mais do que números, que tem provocado que muitas pessoas sofram ainda com a despedida não celebrada. Como lembrou Dom Leonardo numa mensagem enviada à Igreja de Manaus, “são parentes, amigos, vizinhos, agentes de pastoral, padres, religiosas… Mas também, desejamos trazer na recordação e prece os que morreram no anonimato e, quem sabe, até sozinhos”.

Na catedral de Manaus, como também tem acontecido em muitas paróquias e comunidades pelo Brasil afora, a missa do Dia dos Finados começou com o plantio de uma árvore. Na celebração se fizeram representantes da sociedade civil, que lembravam a necessidade de “tocar no coração das pessoas para pensar na vida como um valor único”. Este tem sido um Dia da Memória e da Esperança, nas palavras de dom Leonardo Steiner.

Dom Leonardo Steiner concretizou, no início da missa no Dia de Finados”, o gesto do plantio de uma árvore em memória das vítimas da COVID-19 e das queimadas.

Na sua homilia, o arcebispo de Manaus afirmou que “uma comunidade, uma cidade sem memória perde o caminho e torna-se errante, desenraizada. Uma comunidade, uma cidade sem esperança, está fadada à morte, à perda da sua alma”. Com o gesto do plantio da árvore, para dom Leonardo “ao pedirmos que a planta lance raízes no nosso jardim, procuramos visibilizar a memória e a esperança. Memória dos homens e mulheres que deixaram nosso convívio familiar e social neste tempo da pandemia”. De novo, ele lembrou que “de muitos não conseguimos sequer nos despedir, faltou até a oração familiar, da amizade, sentimos a falta do aceno, do afeto, o choro ficou contido, o coração ainda fica no desejo de uma prece, de um último olhar”.

Neste sentido, segundo dom Leonardo “esta será a árvore da memória, também a memória pela devastação das queimadas das nossas florestas amazônicas e do Pantanal”. Ele fazia um chamado a não esquecer que essas “mortes pelo fogo, que foi obra das mãos humanas”. Lembremos que somos fonte vida, de esperança, o que deve nos comprometer no cuidado e na lembrança.  

Sobre o autor:

Luis Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

(Os grifos são nossos)

A seguir, a versão do texto em espanhol, confira:

Un árbol de Memoria y Esperanza para recordar a las víctimas del COVID-19 y de los incendios

Todo está interconectado, relacionado, algo que el Papa Francisco nos recordó en Laudato Si’ y que la pandemia del Covid-19 nos ha confirmado una vez más. Por lo tanto, es hora de cuidar de la nostalgia y de la Casa Común. Esta ha sido la campaña que la Iglesia de Brasil, a través de la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil – CNBB, ha propuesto para la celebración del Día de los Difuntos, marcado por nuevas situaciones, lo que nos ha impedido repetir los ritos propios de este tiempo en el que recordamos a nuestros seres queridos ya fallecidos.

La idea de la campaña surgió en la Iglesia de Manaos, queriendo así, en palabras de su Arzobispo, Monseñor Leonardo Ulrich Steiner, hacer un gesto significativo, en un día en el que “recordamos sobre todo la vida, la Resurrección”. Por lo tanto, “este año queremos recordar, con el gesto de plantar un árbol, a todos aquellos que murieron en este tiempo de la pandemia. Pero también porque el árbol recuerda la vida, también queremos recordar los incendios y la deforestación en la región de la Amazonía y el Pantanal”.

Como presidente de la CNBB, Monseñor Walmor Oliveira de Azevedo, también insistió en la importancia de “en este tiempo de luto, al recordar a nuestros parientes y amigos ya fallecidos, recordemos también a las muchas personas que murieron este año víctimas de la pandemia del Covid-19”. Pidió solidaridad con “el dolor de las familias, tantos huérfanos, viudas y viudos, hermanos que se enfrentaron al dolor de la separación y al luto impuesto por la enfermedad”, haciendo una invitación a realizar gestos concretos y medidas de protección. Con estas palabras nos recordó la llamada que el Papa Francisco nos hizo en Fratelli Tutti, donde los cristianos estamos llamados a cuidarnos mutuamente y a practicar la empatía con gestos concretos en una época de tantos enfrentamientos innecesarios.

Movidos por este sentimiento y como gesto concreto, “en homenaje a las víctimas de la pandemia y sensible a las tragedias medioambientales que se han producido este año, nuestra Iglesia os invita a un gesto concreto: plantar un árbol, en vuestra casa o en vuestra comunidad, en memoria de aquellos que nos dejaron como víctimas de la pandemia. Un gesto cristiano y ciudadano que inspira la vida frente a la muerte”, invitaba el arzobispo de Belo Horizonte.

La pandemia del Covid-19 ya ha superado 1,2 millones de muertes en todo el mundo, 160.000 en el caso del Brasil, cifras que en muchos casos deben ser aún mayores, dado el alto subregistro en prácticamente todos los países. Estos fallecidos son mucho más que números, lo que ha hecho que muchas personas sigan sufriendo por la despedida sin los ritos propios de ese momento. Como Monseñor Leonardo recordó en un mensaje enviado a la Iglesia de Manaos, “son parientes, amigos, vecinos, agentes pastorales, sacerdotes, religiosos… Pero también, queremos traer al recuerdo y a la oración a aquellos que murieron en el anonimato y, quién sabe, incluso solos”.

En la catedral de Manaos, como ha sucedido también en muchas parroquias y comunidades de todo Brasil, la misa del Día de los Difuntos comenzó plantando un árbol. En la celebración se hicieron representantes de la sociedad civil, que recordaron la necesidad de “tocar el corazón de la gente para pensar en la vida como un valor único”. Este ha sido un Día de la Memoria y la Esperanza, en palabras de Monseñor Leonardo Steiner.

En su homilía, el arzobispo de Manaos declaró que “una comunidad, una ciudad sin memoria, pierde su camino y se vuelve errática, desarraigada. Una comunidad, una ciudad sin esperanza, está condenada a la muerte, a la pérdida de su alma”. Con el gesto de plantar el árbol, “al pedirle a la planta que eche raíces en nuestro jardín, buscamos hacer visibles la memoria y la esperanza. Memoria de los hombres y mujeres que dejaron nuestra vida familiar y social en esta época de pandemia”, según el Arzobispo. Una vez más, recordó que “de muchos ni siquiera conseguimos despedirnos, nos faltó incluso la oración en familia, la amistad, nos faltó el asentimiento, el afecto, el llanto fue contenido, el corazón sigue en el deseo de una oración, una última mirada”.

Por lo tanto, “será el árbol de la memoria, también el recuerdo de la devastación de los incendios de nuestros bosques amazónicos y del Pantanal”, según Monseñor Leonardo Steiner. Hizo un llamado para no olvidar estas “muertes por fuego, que fueron obra de manos humanas”. Recordemos que somos fuente de vida, de esperanza, lo que debe comprometernos a cuidar y recordar.