A proposta do Grito dos excluídos e excluídas surgiu em 1994, a partir do processo da 2ª Semana social brasileira, promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas“. O nome foi inspirado na Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era: A fraternidade e os excluídos.
Entre as motivações que levaram à escolha do dia 07 de setembro para a realização do Grito dos/as excluídos/as estão a de fazer um contraponto ao Grito da independência. O primeiro Grito das/os excluídas/os foi realizado em 07 de setembro de 1995, tendo como tema “A vida em primeiro lugar“, e ecoou em 170 localidades.
A partir de 1996, o Grito foi assumido pela CNBB, que o aprovou em sua Assembleia Geral, como parte do PRNM (Projeto Rumo ao Novo Milênio – doc. 56 nº 129). A cada ano, se efetiva como uma imensa construção coletiva, antes, durante e após o 07 de Setembro.
Mais do que uma articulação, o Grito é um processo, é uma manifestação popular carregada de simbolismo, que integra pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. Ele brota do chão, é ecumênico e vivido na prática das lutas populares por direitos.
A proposta não só questiona os padrões de independência do povo brasileiro, mas ajuda na reflexão para um Brasil que se quer cada vez melhor e mais justo para todos os cidadãos e cidadãs. Assim, é um espaço aberto para denúncias sobre as mais variadas formas de exclusão.
MARCAS DO GRITO
A criatividade/ ousadia, a metodologia e o protagonismo das/os excluídas/os são marcas do Grito, que privilegia a participação ampla, aberta e plural. Os mais diferentes atores e sujeitos sociais se unem numa causa comum, sem deixar de lado sua especificidade.
a) Criatividade/ ousadia
A cada ano, o Grito tem um lema nacional, que pode ser trabalhado regionalmente, a partir da conjuntura e da cultura locais. As manifestações são múltiplas e variadas, de acordo com a criatividade dos envolvidos: caminhadas, desfiles, celebrações especiais, romarias, atos públicos, procissão, pré-Gritos, cursos, seminários, palestras, teatro, forrós…
b) Metodologia
O Grito não começa e nem termina no 07 de Setembro, porque não é um evento, mas um processo de reflexão e construção coletiva, que se dá durante todo ano. Privilegia a participação ampla, aberta e plural. Os mais diferentes atores e sujeitos sociais se unem numa casa comum, sem deixar de lado sua especificidade.
c) Protagonismo das/os excluídas/os
É fundamental que as/ os próprios/as excluídas/os assumam a direção do Grito em todas as fases – preparação, realização e continuidade, o que ainda é um horizonte a ser alcançado.
PARCERIAS
O Grito foi concebido para ser um processo de construção coletiva. Hoje compõem a Coordenação Nacional: Comissão 8 da CNBB, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cáritas Brasileira (CB), Central dos Movimentos Populares (CMP), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Pastoral Operária (PO), Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), Romaria dos/as Trabalhadores/as, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Jubileu Sul Brasil, Juventude Operária Católica (JOC), Pastoral Afro Brasileira (PAB), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM), Rede Rua, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral Carcerária (PCR), Serviço Franciscano de Assistência (SEFRAS) e continua aberto a quem quiser comprometer-se com o Grito.
Obs.: Note que a partir de 2005, no marco final da primeira década, o Grito passou a assumir a linguagem inclusiva. Uma conquista que foi fruto do Grito das excluídas!
POR QUE O 07 DE SETEMBRO?
Desde 1995, o Grito das/os excluídas/os acontece no dia 07 de setembro, dia oficial da comemoração da independência do Brasil. Nada melhor do que esta data para refletir sobre a soberania nacional, que é o eixo central das mobilizações do Grito. Nesta perspectiva, o Grito se propõe a superar um patriotismo passivo em vista de uma cidadania ativa e de participação, colaborando na construção de uma nova sociedade, justa, solidária, plural e fraterna. O Dia da Pátria, além de um dia de festa e celebração, vai se tornando também em um dia de consciência política de luta por uma nova ordem nacional e mundial. É um dia de sair às ruas, comemorar, refletir, reivindicar e lutar.
O Grito é um processo, que compreende um tempo de preparação e pré-mobilização, seguido de compromissos concretos que dão continuidade às atividades. O Grito das/os excluídas/os não se limita às ações do dia 07 de setembro, mas é um processo que acontece antes, durante e depois de setembro. Esse processo de reflexão mobilizações acontece por meio de reuniões, lutas específicas do dia a dia, debates, formação de lideranças que ocorrem durante o ano e tem seu tempo mais forte no mês de setembro.
SUGESTÕES DE COMO ORGANIZAR O GRITO
- Garantir que as/os excluídas/os tenham participação efetiva na organização, divulgação e realização do Grito, definição de local, formas de manifestação etc.;
- Onde ainda não há uma equipe coordenadora/animadora contribuir para sua criação;
- Buscar as Pastorais sociais, Movimentos sociais e demais entidades para organizar uma equipe para coordenar, animar e dinamizar as rodas de conversa, os pré-Grito, e o Grito nos bairros, cidades, dioceses, regiões;
- Que cada pastoral, movimento e entidade participante assuma a proposta e a construção do Grito na sua agenda, motive e divulgue em seus veículos de comunicação;
- Levar e discutir a proposta e o lema do Grito nas escolas, sindicatos, associações, igrejas, ONGs… Sempre buscando ampliar as parcerias;
- Incentivar a realização de concursos de redação, gincanas, teatros, exposições de fotos, programas de rádio, festivais de música, poesia, dança… sobre o lema do Grito;
- Organizar cursos, palestras, seminários e debates, tendo como objetivo elevar o nível de consciência do povo sobre estes temas;
- Priorizar a linguagem simbólica, criativa e poética aos discursos;
- Participar das lutas diárias como forma de melhor organizar e preparar o Grito das/os excluídas/os;
- Que os Gritos ecoados nas ruas e praças se tornem pautas de reivindicações junto aos poderes locais…
ESTRUTURA ORGANIZATIVA
O Grito das/os excluídas/os conta com uma Coordenação Nacional, Secretaria Nacional, Coordenações locais e estaduais. O diferencial é a rede de articuladores/as e voluntários/as espalhados/as pelos rincões do Brasil, que ajudam animar o processo de construção do Grito.
O Grito das/os excluídas/os tem uma organização diferente. Não tem personalidade jurídica própria, não tem sede própria, nem funcionários. O trabalho é desenvolvimento em parceria e conta com voluntários e militantes, o que representa uma das riquezas do Grito. A Secretaria Nacional funciona na sede do SPM – Serviço Pastoral dos Migrantes. Para efeitos de prestação de contas, uma das entidades que fazem parte da coordenação nacional responde como pessoa jurídica.
OBJETIVOS
- Discutir com a sociedade o atual momento que vivemos no Brasil e no mundo, denunciando as estruturas opressoras e excludentes e as injustiças cometidas pelo sistema capitalista;
- Refletir coletivamente que este modelo de “desenvolvimento”, baseado no lucro e na acumulação privada, não serve para o povo, porque destrói e mata;
- Promover espaços de diálogo e troca de experiências para construir as lutas e a mudança, através da organização, mobilização e resistência popular;
- Lutar contra a privatização dos recursos naturais, bens comuns e contra as reformas que retiram direitos dos/as trabalhadores/as;
- Ocupar os espaços públicos e exigir do Estado a garantia e a universalização dos direitos básicos;
- Promover a vida e anunciar a esperança de um mundo justo, com ações organizadas a fim de construir um novo projeto de sociedade.
Fonte:
Excelente recurso onde a população do Brasil pode expressar seus sentimentos, necessidades e sugerir atuações governamentais em benefício do bem comum. Parabens. Conheci há anos passados em celebração de Sta. Missa na Basílica de Aparecida-SP.