Uma carta de agradecimento e apoio à Carta ao Povo de Deus assinada no primeiro momento por 152 bispos, depois tem se somado mais bispos, com 1.057 assinaturas de padres e diáconos, acaba de ser lançada nesta quinta-feira, 30 de julho. Os padres que assinam definem a Carta ao Povo de Deus como um documento profético, “oferecendo ao Povo de Deus luzes para o discernimento dos sinais nestes tempos tão difíceis da história do nosso País”.
“O documento é uma leitura lúcida e corajosa da realidade atual à luz da fé”, segundo os signatários, que em consonância com a Carta dos bispos gritam por mudanças necessárias, afirmando “que os que nos governam têm o dever de agir em favor de toda a população, de maneira especial, os mais pobres”, uma atitude que não está sendo assumida pelo atual governo. Por isso, os padres se dizem “profundamente indignados com ações do Presidente da República em desfavor e com desdém para com a vida”.
Diante disso, os padres aceitam o convite dos bispos para cuidar da vida, para cuidar deste País enfermo! Ao mesmo tempo mostram sua solidariedade “com todas as famílias que perderam alguém por essa doença que ceifa vidas e aterroriza a todos”, consequência da falta de políticas de combate do governo, que não tem um Ministro da Saúde. Finalmente, eles reafirmam “com alegria, ânimo e esperança a fidelidade à missão a nós confiada e apoiamos os bispos signatários da Carta ao Povo de Deus e em sintonia com a CNBB em sua missão de testemunhar e fortalecer a colegialidade”.
Leia a seguir Carta de apoio e de adesão à Carta dos Bispos ao Povo de Deus, na íntegra:
“CAMINHAMOS NA ESTRADA DE JESUS”
CARTA DE PADRES EM APOIO E ADESÃO AOS BISPOS SIGNATÁRIOS DA CARTA AO POVO DE DEUS
“Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Às vezes, sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a
miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros” (EG 56 e 270).
Nós, “Padres da Caminhada”, “Padres contra o Fascismo”, diáconos permanentes e tantos outros padres irmãos, empenhados em diversas partes do Brasil a serviço do Evangelho e do Reino de Deus, manifestamos nosso agradecimento e apoio aos bispos pela Carta ao Povo de Deus. Afirmamos que ela representa nossos pensamentos e sentimentos. Consideramos um documento profético de uma parcela significativa dos Bispos da Igreja Católica no Brasil, “em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em comunhão plena com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, oferecendo ao Povo de Deus luzes para o discernimento dos sinais nestes tempos tão difíceis da história do nosso País.
O documento é uma leitura lúcida e corajosa da realidade atual à luz da fé. É a confirmação da missão e do desafio permanente para a Igreja: tornar o Reino de Deus presente no mundo, anunciando esperança e denunciando tudo o que está destruindo a esperança de uma vida melhor para o povo. É como uma grande tempestade que se abate sobre o nosso País. Os bispos alertam para o perigo de que “a causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República”, principalmente impulsionado pelo Presidente.
Sentimo-nos também interpelados por essa realidade a darmos nossa palavra de presbíteros comprometidos no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Evangelho ilumina nossa caminhada e vamos aprofundando nosso compromisso na Igreja, sinal e instrumento do Reino, a serviço da vida e da esperança. Cada vez mais vemos a vida do povo sendo ameaçada e seus sofrimentos, principalmente dos pobres, vulneráveis e minorias. Tal realidade faz com que nossos corações ardam, nossos braços lutem e nossa voz grite pelas mudanças necessárias. Como recordam os Bispos, nós não somos motivados por “interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus”.
Os bispos muito bem expressaram em sua carta, recordando o Santo Padre, o Papa Francisco, que “a proposta do Evangelho não consiste só numa relação pessoal com Deus. A nossa reposta de amor não deveria ser entendida como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos necessitados […], uma série de ações destinadas apenas a tranquilizar a própria consciência. A proposta é o Reino de Deus […] (Lc 4,43 e Mt 6,33) (EG. 180)”.
Sabemos que os que nos governam têm o dever de agir em favor de toda a população, de maneira especial, os mais pobres. Não tem sido esse o projeto do atual Governo, que “não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma “economia que mata” (Alegria do Evangelho, 53), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”. Por isso, também estamos profundamente indignados com ações do Presidente da República em desfavor e com desdém para com a vida de seres humanos e também com a da “nossa irmã, a Mãe Terra”, e tantas ações que vão contra a vida do povo e a soberania do Brasil.
É urgente a reconstrução das relações sociais, pois “este cenário de perigosos impasses, que colocam nosso País à prova, exige de suas instituições, líderes e organizações civis muito mais diálogo do que discursos ideológicos fechados. […] Essa realidade não comporta indiferença.”. A CNBB tem se pronunciado de forma contundente em momentos recentes; em posicionamento do dia 30 de abril, manifestou perplexidade e indignação com descaso no combate ao novo coronavírus e por eventos atentatórios à ordem constitucional. Em outro momento, os 67 bispos da Amazônia publicaram outro documento, expressando imensa preocupação e exigindo maior atenção e cuidado do poder público em relação à Amazônia e aos povos originários. Na carta aberta ao Congresso Nacional do dia 13 de julho de 2020 a CNBB denunciou os 16 vetos do Presidente da República ao Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos Territórios Indígenas, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais (PL nº PL 1142/2020, agora Lei nº 14.021) dizendo: “Esses vetos são eticamente injustificáveis e desumanos pois negam direitos e garantias fundamentais à vida dos povos tradicionais”. Outras Comissões da CNBB assumiram decididamente o lado dos povos tradicionais do Brasil “duplamente vulneráveis: ao contágio do coronavírus e à constante ameaça de expulsão de seus territórios”.
Nesse tempo de “tempestade perfeita”, a voz do Espírito ressoa em posicionamentos corajosos da Igreja, que renova a cada dia seu compromisso “na construção de uma sociedade estruturalmente justa, fraterna e solidária”, como indicam os bispos em sua carta.
Reafirmamos nosso compromisso na defesa e no cuidado com a vida. Ao convite dos bispos queremos dar nosso sim! “Somos convocados a apresentar propostas e pactos objetivos, com vistas à superação dos grandes desafios, em favor da vida, principalmente dos segmentos mais vulneráveis e excluídos, nesta sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta.” Queremos nos empenhar para cuidar deste País enfermo!
Nós nos solidarizamos com todas as famílias que perderam alguém por essa doença que ceifa vidas e aterroriza a todos. Próximos de atingir 100 mil mortos nesta pandemia, é inadmissível que não haja neste governo um Ministro da Saúde, que possa conduzir as políticas de combate ao novo coronavírus.
Conclamamos todos os cristãos e cristãs, as igrejas e comunidades, e todas as pessoas de boa vontade para que renovem, junto com os bispos, a opção pelo Evangelho e pela promoção da vida, espalhando as sementes do Reino de Deus.
Nós, “Padres da Caminhada”, “Padres contra o Fascismo”, diáconos permanentes e tantos outros padres irmãos, reafirmamos com alegria, ânimo e esperança a fidelidade à missão a nós confiada e apoiamos os bispos signatários da Carta ao Povo de Deus e em sintonia com a CNBB em sua missão de testemunhar e fortalecer a colegialidade.
29 de julho de 2020
Festa de Santa Marta
Clique baixo e confira a Carta de apoio e adesão em PDF com a assinatura dos presbíteros e diáconos:
Carta de apoio e adesão a Carta do Povo de Deus
Sobre o autor:
Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.
Parabéns aos bispos e padres por assumirem a defesa da vida do povo brasileiro.
É impossível ficar alheio à insensibilidade e à crueldade deste desgoverno ligado ao desgoverno cruel dos EUA. Penso que seria pecar por omissão! “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (João 15,12).,
Desculpe, Alex, mas você está totalmente equivocado. As situações que você diz arbitrárias não tem respaldo, a não ser naqueles seguidores cegos do presidente. É muito maior a sabedoria da \igreja em abrir aos poucos com todas as cautelas, do que a sua vontade pessoal para abrir tudo e aumentar os contágios. Outra coisa, viver o Evangelho é sobretudo uma igreja a caminho, como fez Jesus, indo ao encontro do povo e suas dores. NÃO é a sua igreja de visão fechada, pensando apenas na frequência aos templos. Para os que amam a Igreja de verdade, solidarizam-se com os bispos e padres, neste manifesto em favor do povo E EM CONSONÂNCIA COM O PAPA FRANCISCO. Foi assim que Jesus fez, Denunciou os desmandos dos poderes constituídos e abalou os poderes instalados nas suas mentiras em prejuízo dos marginalizados, do povo.ACORDE, MEU IRMÃO:. o SEU OLHAR É DISTORCIDO DA VERDADE DO EVANGELHO. S
SUGIRO QUE VÁ TRABALHAR NAS PASTORAIS ACOLHENDO OS IRMÃO MAIS MARGINALIZADOS DA SOCIEDADE, para APRENDER O QUE É SER CATÓLICO. SER VERDADEIRAMENTE CRISTÃO..
Sinto-me extremamente preocupado com estas manifestações políticas do nosso clero com o único objetivo de atacar o Presidente da República. Não há manifestação semelhante sobre as atuações arbitrárias dos demais poderes da República.
Além disso, não estamos presenciando manifestações de tamanha envergadura pelo retorno das missas presenciais aos fiéis, dom maior conferido aos representantes de Cristo. Estou em oração pela conversão de nossos pastores para as causas reais de defesa do evangelho, pela sua santificação a qual, significativamente representará a santificação das suas ovelhas. Salve Maria!
Alex Miguel Gouvêa
São João del-Rei/MG
Você está na religião errada. Vai pra uma igreja evangélica. Lá é cada um por si, e apoioam o pseudopresidente.
Seguir Jesus Cristo e ser o Cristo na pessoa do irmão…
É ajudar e solidarizar com os menos favorecidos e esquecidos nas periferias de uma sociedade, por falta de atendimento na saúde, moradia e educação etc.
O abandono pela saúde neste momento tão delicado de pandemia….
Onde muitas vidas já foram ceifadas pelo Coronavirus.
É estarrecedor!!!!
Muita indignação!!!!
Parabéns e nosso apoio fraterno aos padres e bispos em anunciar e denunciar em favor da VIDA!
Este posicionamento mantém em NÓS o Cristo Vivo…
O Filho de Deus…
Jesus de Nazaré !!!!
Paz e Bem!
Todos estamos sentindo a falta da participação nas Santas Missas Comunitárias, mas, a gravidade da pandemia é indiscutível. Já faleceram muitos padres e bispos, e leigos! Nossa Igreja tem sido exemplar no bom exemplo, o que diga-se com verdade, não está sendo dado pelo Presidente da República, muito pelo contrário!