As ruas pedem nova economia. E você, já assumiu o “realmar” da Economia de Francisco”?

No programa Paz e Bem desta segunda-feira, 1º de junho de 2020, Eduardo Brasileiro, membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco – ABEFC, apresenta o mote do chamado global do papa Francisco para pensar novas economias: Realmar!

Realmar para quê? O capitalismo venceu? O neoliberalismo criou o sujeito empresarial e é impossível novas possibilidades? O novo já existe, nasce nas margens todos os dias, reivindicando a centralidade da vida. A lógica genocída do Estado e das Corporações exigem outro sistema, e quando as ruas ardem, como nos EUA e no Brasil, há um manifesto pela emergência. Quem ouve o fogo a queimar nas ruas perceberá que ele diz sempre a mesma coisa: que o tempo acabou. É necessário, portanto, forjarmos o novo nesse fogo que destitui o velho.

  • Realmar a economia está em superar o modelo de desenvolvimento;
  • Realmar a economia está no autocentramento comunitário;
  • Realmar a economia está na proximidade que humaniza por meio da solidariedade;

Em resumo: Sonharmos o que não temos mais sonhado. Passar do banco para o caixa comum, do excesso para o suficiente, do acúmulo para a partilha. Ontem, rezamos nas comunidades cristãs o Pentecostes, que essa poesia de um jovem da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Luis Carlos Mendonça de Queiroz, nos ensine a rezar a revolução que começa por nós:

Ruah
Ó Ruah, costureira do tempo, tece-me com suas divinas mãos, ata o todo de mim com seus sete dons e dilata-me, me transborde para meus irmãos.
Enche-me com seu divino respeito, e que cheio dele apaixonadamente defenda a vida, seu maior dom, em todas as suas formas.
Acende em meu peito seu fogo abrasador para que eu apresse o passo, como Maria em Caná apressou o milagre.
Sopra em meu rosto ventos calmos com seu hálito de vida e que afaste de mim toda nuvem que me empessa de ver a vida com esperança.
Derrame-se sobre essa terra, para que seus filhos e filhas se ergam e caminhem como profetizou Ezequiel.
Eterno Amante, “vem, faze habitar em mim o teu Espírito, expulsa de mim toda a angústia e todo o orgulho, amplia o meu coração, torna-o digno da dimensão do teu mistério.
Amém.

(Luis Carlos Mendonça de Queiroz – Pastoral da Juventude da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Itaquera, São Paulo)

Na foto: No dia de Pentecostes, manifestante no domingo (31/05/2020) em luta por “realmar” a economia que a precariza.