Com o Concílio Vaticano II, a Igreja católica, através do “princípio da pastoralidade”, tem buscado aprofundar e testemunhar esta alegria do Evangelho, indo ao encontro das “alegrias e esperanças”, “tristezas e angústias” dos homens e mulheres de cada tempo e lugar (GS, n. 1).
No Brasil, a CNBB, inicialmente através do Plano de Pastoral de Conjunto, traduziu as grandes intuições e orientações do Concílio, renovando e dinamizando a pastoral, conferindo-lhe criatividade, ousadia, profetismo e presença samaritana, aproximando a Igreja dos mais pobres e excluídos. Esta orientação, hegemônica em grande parte das dioceses, da vida religiosa e das lideranças laicais do país, conheceu, sobretudo a partir da década de 90’, vários deslocamentos e mudanças, provocados, por um lado, pelo avanço do pentecostalismo dentro e fora da Igreja, e, por outro, pelos desdobramentos da cultura pós-moderna e tecnológica. Tudo isso, em um contexto cada vez mais urbano, ainda marcado por grandes injustiças e desigualdades e que conhece um pluralismo de princípio, o qual afeta todos os âmbitos da vida, inclusive o religioso.
A proposta deste congresso acontece em um momento de grandes polarizações no mundo e na Igreja, presentes também em nosso país, onde coexistem visões eclesiais que avançam e retrocedem na maneira de entender o ser e o agir dos cristãos no mundo. Como o mostrou com lucidez o teólogo jesuíta João Batista Libanio, essas visões se distribuem em cinco cenários:
- 1) o da Igreja da instituição, que tem como polos aglutinadores a face institucional da Igreja (paróquia, diocese, cúria romana), com tendência ao clericalismo, embora seja referência para um número significativo de católicos;
- 2) o da Igreja carismática, fortemente hegemônica em muitos ambientes eclesiais, centrada na busca da experiência do sagrado, como emoção, consolo, cura e paz, dados pela experiência do Espírito, em meio às angústias e inseguranças do mundo, com tendência ao intimismo e a uma visão ingênua da realidade;
- 3) o da Igreja da Pregação, marcada pela centralidade da Palavra e aquilo que a ela está associado: o saber doutrinal, o conhecimento, a pregação e o ensino;
- 4) o da Igreja da práxis libertadora, nascida das Comunidades Eclesiais de Base, da opção pelos pobres e do compromisso profético da luta pela justiça, que foi hegemônica em muitas igrejas no país e hoje encontra-se em franco recuo;
- 5) o da Igreja plural fragmentada pós-moderna, que acolhe as novas tendências culturais da cultura pluralista e tecnológica atual, fortemente centrada no indivíduo e sua tendência a fixar-se no presente.
Cada cenário busca arregimentar adeptos e seguidores através de ações concretas e vários tipos de estratégias evangelizadoras e metodologias proselitistas de todos os matizes (cf. LIBANIO, J. B. Cenários da Igreja. Num mundo plural e fragmentado. São Paulo: Loyola, 2012). Neste contexto, urge se perguntar: o que é evangelizar? Como ser testemunha da alegria do Evangelho, sobretudo nas periferias existenciais e geográficas, às quais chama o papa Francisco?
O Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral quer debruçar-se sobre a pastoral no mundo contemporâneo a partir de duas imagens:
- a) a da herança, que recorda o passado criativo, ousado e destemido das primeiras décadas de recepção do Vati
- cano II no Brasil;
- b) a do parto, que aponta para um presente que, mais que ao desânimo, apatia, autorreferencialidade ou imobilismo, convida à acolhida do novo que está em gestação ou prestes a ser dado à luz, que deve suscitar esperança, ser cuidado, para crescer e oferecer a alegria do Evangelho para o presente e o futuro.
Programação Completa:
4 de maio – Segunda-feira 16h – Início do credenciamento
19h30 – Abertura
20h- Conferência de Abertura: Herança e novos cenários da pastoral – Professor doutor Agenor Brighenti (PUC Paraná)
5 de maio – Terça-feira
7h30 – Momento de Espiritualidade
8h – Conferência 1: Provocações para uma leitura do tempo presente – Professor doutor Vladimir Safatle (USP)
9h30 – Intervalo
10h – Conferência 2: A nova face da religião no Brasil – Professora doutora Brenda Carranza (PUC Campinas)
12h – Intervalo
14h – Seminários Temáticos
- 1. A animação bíblica da pastoral – Professora doutora Zuleica Silvano, FSP (FAJE);
- 2. Fé, política e cidadania na Igreja hoje – Professor doutor Robson Sávio (PUC Minas);
- 3. A pastoral e a via da beleza – Padre Jordélio Siles Ledo (Provincial Estigmatinos);
- 4. Pastoral de gestação – Professor doutor Francys Adão Silvestrini, SJ (FAJE);
- 5. Propor a fé para os jovens à luz da Christus vivit – Padre Antônio Ramos Prado, SDB, Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude (Universidade Salesiana de Campinas, CNBB);
- 6. Análise de Conjuntura e leitura dos sinais dos tempos hoje – Professor doutor Edelcio Serafim Ottaviani (PUC São Paulo)
16h30 – Intervalo
17h- Comunicações de Pesquisas
19h – Encerramento
6 de maio – Quarta-feira
7h30 – Momento de Espiritualidade
8h – Conferência 3: Desafios e perspectivas da evangelização na cidade – Professor doutor dom Leomar Brustolin (PUC RS)
9h30 – Intervalo
10h – Painéis
1. Evangelização e cultura digital – Professor doutor Moisés Sbardelloto (Unisinos) e mestre Aline Amaro da Silva (PUC/RS);
2. Evangelização e movimentos populares – Professor doutor Francisco Aquino Júnior (UNICAP) e professora doutora Moema Miranda (Instituto Teológico Franciscano, Petrópolis e REPAM);
12h – Intervalo
14h – Seminários Temáticos
- 1. Pastoral nas vilas e favelas – Bispo auxiliar dom Vicente Ferreira (Arquidiocese de BH);
- 2. A paróquia numa Igreja em saída – Professor José Manoel de Godoy (FAJE) e professor Matheus da Silva Bernardes (PUC Paraná);
- 3. Os novos ministérios e a mulher – Professora doutora Solange Maria do Carmo (PUC Minas);
- 4. A iniciação à vida cristã – Professora doutora Abimar Oliveira de Morais (PUC Rio);
- 5. Perspectivas eclesiais que se abrem a partir do sínodo da Amazônia – Professor doutor Paulo Suess (ITESP);
- 6. A pastoral, mundo do trabalho e economia de Francisco – Professor doutor Élio Gasda (FAJE);
- 7. Ação Pastoral no Brasil: A contribuição do Vaticano II em tempos obscurantistas – Professor doutor Ney de Souza (PUC/SP Teologia).
16h30 – Intervalo
17h – Experiências Pastorais Inovadoras
7 de maio – Quinta-feira
7h30 – Momento de Espiritualidade
8h – Conferência Final: As novas Diretrizes da Ação Evangelizadora 2019-2023: perspectivas para a pastoral hoje – Professor mestre dom Joaquim Mol (Reitor da PUC Minas e Bispo Auxiliar de BH)
9h30 – Intervalo
10h – Painéis
- 1. O significado da sinodalidade para a pastoral – Professor doutor Mário de França Miranda, SJ (PUC Rio) e professora mestre Rosana Manzini (PUC São Paulo);
- 2. Pentecostalidade e mística – Professor doutor Carlos Frederico Barbosa (PUC Minas) e professora doutora Ceci Maria Costa Baptista Mariani (PUC Campinas).
12h – Encerramento do Congresso
INSCRIÇÕES & INFORMAÇÕES
www.faculdadejesuita.edu.br/eventos/congressoteopastoral
Envio de Proposta de Comunicação ou Experiência até 03/04/2020
Inscrições para Participação até 30/04/2020