A Comissão, como estratégia de ação, quer consolidar maior presença junto aos territórios, conhecendo, assumindo e dando apoio aos povos tradicionais ameaçados pela mineração. Um dos trabalhos é a qualificação do mapeamento já feito sobre a mineração no Brasil, incluindo também no levantamento de dados as barragens, vítimas e a violência cometida aos defensores dos direitos humanos e à natureza. Outro trabalho é a produção de peças de comunicação e subsídios para que as comunidades possam conhecer a realidade e os impactos. Uma voz que possa ajudar as comunidades a perceber que a mineração não é a única coisa que faz girar a economia e a vida das comunidades. A Comissão buscará se aliar a outros grupos, no Brasil, que fazem este trabalho numa perspectiva de atuação em rede e também procurará investir e cooperar em processos de produção para que as comunidades tenham alternativas de sobrevivência e de vida e não fiquem sujeitas inteiramente às mineradoras e à mineração ilegal.
Confira:
Comissão Especial sobre Mineração e a Ecologia Integral se reúne pela primeira vez na CNBB
Após ser aprovada na última reunião do Conselho Permanente, em novembro de 2019, a Comissão especial sobre a Mineração e a Ecologia Integral reuniu-se pela primeira vez nesta terça-feira, 17 de dezembro de 2019, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com sua nova formação incluindo bispos e assessores.
Como lembra o bispo de Caxias do Maranhão (MA), dom Sebastião Lima Duarte, a Comissão surgiu a partir do trabalho do GT da Mineração criado em 2017 pela CNBB. Segundo dom Sebastião:
“A Comissão foi aprovada a partir de uma petição nossa e de um balanço do trabalho do GT Mineração… Como missão, nós temos que contribuir na sensibilização e formação da consciência das pessoas sobre a realidade da mineração”.
A nova Comissão tem como missão e atribuição central, segundo seu presidente dom Sebastião, ser presença por meio de assessoria às dioceses onde a questão da mineração é uma realidade e também ajudar a que as Igrejas locais possam incidir mais na realidade da mineração.
Como estratégia, a Comissão quer consolidar uma maior presença junto aos territórios, conhecendo, assumindo e dando apoio aos povos tradicionais ameaçados pela mineração. Um importante passo neste sentido, conforme dom Sebastião, foi um encontro com 30 bispos em maio deste ano durante a 57ª Assembleia Nacional.
Um dos trabalhos que também será tocado pela Comissão é a qualificação do mapeamento já feito sobre a mineração no Brasil, incluindo também um levantamento de dados as barragens, vítimas e a violência cometida aos defensores dos direitos humanos e à natureza.
A Comissão buscará atuar em sintonia com o trabalho que vem desenvolvendo o Conselho episcopal latino-americano (CELAM) e o Dicastério para o Desenvolvimento Integral do Vaticano. “Queremos contribuir para que a Igreja, a CNBB, mas também as dioceses e regionais tenham uma visão sistêmica da mineração no Brasil”, afirmou dom Sebastião.
Para contrapor ao discurso e propaganda feitos pelas empresas de que a mineração é benéfica para o Brasil, a Comissão produzirá peças de comunicação e subsídios para que as comunidades possam conhecer a realidade e os impactos.
“As empresas estão diariamente propagando que a mineração é uma coisa boa e a gente sabe que, na realidade, não é assim. Tem que haver uma outra voz que possa ajudar as comunidades a perceber que a mineração não é a única coisa que faz girar a economia e muito menos a vida das comunidades”.
A Comissão buscará se aliar a outros grupos, no Brasil, que fazem este trabalho numa perspectiva de atuação em rede e também procurará investir e cooperar em processos de produção para que as comunidades tenham alternativas de sobrevivência e de vida e não fiquem sujeitas inteiramente às mineradoras e à mineração ilegal.
Ecologia Integral
Sobre o desafio de trabalhar na perspectiva da ecologia integral apontada pelo papa Francisco, dom Sebastião afirma ser um passo desafiador. “Antes a nossa questão era só mineração. E agora não, com a ecologia integral, a gente entra dentro da nova Doutrina Social da Igreja proposta pelo Papa”.
Para dom Vital Corbellini, bispo de Marabá (PA) e também membro da Comissão, a Igreja não pode ficar calada diante de tantas pessoas atingidas pela mineração. “No Sul e Sudoeste do Pará estamos sendo muito atingidos pela mineração. Nosso minério está sendo levado para fora”, disse.
Segundo ele, a Comissão está vislumbrando muitas questões referentes à mineração como as pessoas atingidas, os territórios e também da necessidade de divulgar o trabalho. “Vamos procurar tratar da Ecologia Integral como um bem de Deus. Através dela vamos divulgar coisas importantes, como as denúncias contra a exploração da Natureza”, disse.
O religioso lembra que tudo está interligado e que não dá para separar o ser humano da natureza. “Se estas mineradoras com suas barragens atingem e poluem as fontes de águas isto vai atingir a todos nós. Tudo está interligado conosco, com os outros e com Deus”, aponta.
Composição da Comissão Especial sobre a Mineração e Ecologia Integral
Presidente: Dom Sebastião Lima Duarte
Dom Vicente de Paula Ferreira
Dom André de Witte
Dom Edson Taquetto Damian
Dom Vital Corbellini
Dom Cleonir Paulo Dalbosco
Assessores:
Frei Olavio José Dotto
Jarbas Vieira
Moema Miranda
Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret
Padre Dário Bossi
Roberto Malvezzi
Alguns registros da reunião:
Fonte:
www.cnbb.org.br