Desigualdade social: um desafio à credibilidade do Evangelho

Evangelizar é um dinamismo histórico de anunciar-testemunhar a boa notícia do amor de Deus revelada de modo muito especial na pessoa, nos ensinamentos e gestos proféticos de Jesus de Nazaré. A experiência deste amor, vivido em comunidades de fé e partilha de vida, desperta a consciência de que somos, pela graça, filhos e filhas de Deus. E, por nos sentirmos amados e amadas por Deus Pai, despertamos para a experiência de sermos irmãos e irmãs. A experiência do amor de Deus interpela e compromete para a vivência da dignidade, da fraternidade, da justiça inclusiva e do cuidado com a Casa comum.

Acontece que o cristianismo, mesmo predominando entre nós, vem se mostrando incapaz de transformar a realidade sociocultural, econômica e política. O individualismo cultural e a violência da exclusão social se mostram enraizados entre nós mesmo depois de mais de cinco séculos de presença em nosso Continente latino-americano. Há muitas ações bonitas e gestos proféticos generosos de partilha e solidariedade fraternas com os excluídos do sistema, mas muito aquém ainda de transformar as estruturas da sociedade. Muitos hoje se perguntam: o Evangelho do Reino, a fé no Pai Nosso, o mandamento de Jesus do “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”… perderam o poder de fermento transformador para a construção de outra sociedade possível?

Que neste Natal tenhamos a coragem de revisitarmos as fontes de nossa fé no Deus que vem ao nosso encontro e se faz estradeiro conosco em Jesus e renovarmos a aliança com o Deus da vida no compromisso de participarmos ativamente, de mãos dadas aos movimentos populares e com as pastorais sociais, da construção de uma sociedade justa, inclusiva e sustentável.

Para despertar a consciência crítica, vejamos:

Desigualdade: Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo

Os 1% mais ricos concentram 28,3% da renda total do País. Os dados deixam o Brasil somente atrás do Catar, onde a taxa é de 29%

O Brasil é o segundo país do mundo com maior concentração de renda. Os 1% mais ricos concentram 28,3% da renda total do País. Os dados deixam o Brasil somente atrás do Catar, onde a proporção é de 29%. Nesses dois países, quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos. Já os 10% mais ricos no Brasil concentram 41,9% da renda total. A análise é do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira 9.

Em terceiro lugar da lista aparece o Chile, que concentra 23,7% de sua renda total entre os 1% mais ricos. Entre os vizinhos do Brasil também aparece a Colômbia, em 9º lugar do ranking com taxa de concentração de renda entre os 1% mais ricos de 20,5%.

O relatório também avaliou os países de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que tem como base indicadores de saúde, educação e renda. Medido anualmente, o índice vai de 0 a 1 – quanto maior, ou seja, mais próximo de 1, mais desenvolvido o país. Com IDH de 0,761, o Brasil ocupou o 79º lugar no ranking, com uma pequena melhora de 0,001 em relação ao ano passado. Ainda assim, o Brasil caiu uma posição no ranking mundial, da 78ª para 79ª posição.

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Em relação ao IDH, o Brasil figura no bloco de países com alto desenvolvimento humano. Entre os países latino-americanos do grupo, Cuba está à frente do Brasil, na posição 72 e IDH de 0,778; e também o México, na posição 76 e IDH de 0,767. A Colômbia aparece empatada na posição 79 do ranking, com IDH de 0,761. O Peru aparece na posição 82, com IDH de 0,759.

No topo do ranking, entre o bloco de países com muito alto desenvolvimento humano, despontam em primeiro lugar a Noruega (IDH de 0,954), seguida da Suíça (IDH de 0,946) e Irlanda (0,942).

No pólo oposto, entre os países com baixo desenvolvimento humano, os IDHs mais baixos estão em Níger (país da África ocidental), com 0,377 e República Centro-Africana, com IDH de 0,381.

Fonte:

www.cartacapital.com.br