VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte: em busca de um primeiro balanço

A equipe do Observatório da Evangelização já publicou breve relato da assembleia arquidiocesana e muitas outras matérias sobre a VI APD. A seguir, nossa reflexão, ainda no calor do evento acontecido e sem qualquer pretensão de leitura completa e cabal, procura fazer um primeiro balanço. Balanços são momentos importantes em toda caminhada para buscas de compreensão, aprofundamentos, reflexões críticas e autocríticas, retomadas. Confira:

Registro da grande assembleia arquidiocesana da VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte. 23/11/2019 – Foto: Observatório da Evangelização PUC Minas/ Camilla Moreira.

Quando temos presente a riqueza do que foi concretizado ao longo do recente Sínodo para a Amazônia descobrimos que, enquanto Igreja particular, temos ainda muito que aprender e que avançar na concretização da sinodalidade eclesial.

Dentre outros feitos podemos destacar: o amplo processo de escuta das bases, com atenção ao clamor dos mais pobres e excluídos, dos mais vulneráveis do ponto de vida socioambiental, econômico, político e religioso, dos povos indígenas, dos ribeirinhos, dos quilombolas, dos moradores das periferias dos centros urbanos; a escuta de especialistas que pesquisam e acumulam conhecimentos importantes sobre as dinâmicas e ameaças que a Amazônia vem sofrendo; o complexo processo capilar de participação na elaboração do Instrumento de Trabalho; o discernimento dos anseios populares e das graves ameaças à dignidade da vida e ao equilíbrio da casa comum; a diversificação dos mecanismos de participação; o aprofundamento do senso de corresponsabilidade, contemplando a diversidade cultural, étnica, de gênero, etária; a busca incansável de passar de uma Igreja de visita para uma Igreja de presença; a profunda sensibilidade dialogal, seja no nível ecumênico, seja no nível inter-religioso; a disposição de saída de si e de inculturação na diversidade de culturas locais.

Avanços conquistados na VI APD

Entretanto, queremos aqui destacar os muitos avanços conquistados até agora – ao longo das três primeiras etapas – na VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Recordemos, porém, que a Arquidiocese de Belo Horizonte continua em processo eclesial de APD, pois, como muito bem colocou o pe Joel Maria dos Santos ao final da grande assembleia arquidiocesana, depois dos ajustes finais e da publicação do documento final, vem outra etapa muito importante: a da elaboração dos planos pastorais. São eles que, com suas múltiplas ações pastorais, tem a missão de receber e de concretizar as Diretrizes aprovadas pela VI APD. Além disso, acontecerá um amplo processo de renovação com a eleição dos novos conselheiros e conselheiras, dos vigários episcopais, especiais e regionais, dos forâneos.

Elenquemos, a seguir, alguns significativos avanços alcançados pela VI APD. Sem qualquer pretensão de completude, mas no esforço reflexivo de tão somente fazer um primeiro balanço, e repetimos, no calor dos acontecimentos:

1. O Objetivo Geral, apresentado pela primeira vez na dinâmica das APDs na Arquidiocese, elaborado em profunda sintonia com o objetivo das DGAE da CNBB, dá o tom e garante a lucidez na caminhada que se deseja empreender, pois, responde as questões básicas de qualquer projeto: O que? Quem? Como? Para quê?;

2. A boa vontade e a ampla adesão e participação das paróquias, vicariatos, lideranças leigas, juventude, diáconos, presbíteros e bispos, que mesmo diante da constatação de que o tempo era muito curto no período disponível para realizar e concretizar a complexa mobilização para a VI APD;

3. O conteúdo do conjunto das novas Diretrizes contempla e desafia a todos a aprofundar e aperfeiçoar a vida cristã numa Igreja em saída e na concretude de uma sociedade urbana, tecnológica, complexa e profundamente injusta e desigual. Fica claro que não se pode ser cristão na Igreja sem ser cristão na sociedade em que vivemos;

4. O conteúdo tem profunda sintonia com o magistério do papa Francisco, a título de exemplo, as novas Diretrizes assumem a importância do cultivo da ecologia integral (Laudato Si’, Sínodo para a Amazônia), a dimensão social da evangelização (Evangelii Gaudium, Discurso em Lampedusa, Encontros com os movimentos populares etc.), a valorização da religiosidade popular (a teologia do povo, as pregações na Casa Santa Marta etc.), a dimensão missionária da Igreja (Evangelii Gaudium);

5. Nas três Diretrizes da Casa da Palavra, observa-se um grande convite para que, de fato, a Palavra de Deus, como alimento espiritual, ocupe o centro da dinâmica eclesial, seja na dimensão celebrativa, seja na leitura-estudo-oração em pequenos grupos, seja na dimensão catequética, atenta à cultura urbana;

6. Nas três Diretrizes da Casa do Pão, nota-se a importância central de empreendermos juntos a passagem da devoção para o seguimento de Jesus, passagem que só é possível com outra postura diante da religiosidade popular, outra concepção de liturgia e, sobretudo, outra espiritualidade possível;

7. Nas três Diretrizes da Casa da Caridade, reconhece-se avanço ainda maior na explicitação do caráter profético da Igreja, pois, em sintonia com o papa Francisco, elas deixam claro a necessidade de juntos recuperarmos a credibilidade do Evangelho do Reino na dinâmica da vida cristã tanto na Igreja, quanto na sociedade. Isso porque propõe e indica a direção do caminho para praticarmos a opção pelos pobres; para comprometermos em cuidar da nossa casa comum – aqui em Minas Gerais tão ameaçada pela voracidade das mineradoras – por meio do cultivo da ecologia integral e da promoção e investimento na primavera das pastorais sociais e na multiplicação dos grupos de fé e política, caminhando junto com os movimentos populares;

8. Nas três Diretrizes da Casa da Missão, explicita-se o caráter missionário da Igreja, enquanto busca de concretização de uma presença ativa e solidária que seja mediação do Reino de Deus, em todas as realidades da Arquidiocese, mas dando atenção prioritária, ao mundo dos excluídos, às juventudes e aos desafios dos processos urbanos e da cultura midiática digital.

E você, que acompanhou e participou dos processos da 6ª APD:

1. Que comentário você faz da dinâmica e conteúdo da VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte?

2. O que você discorda do conteúdo relatado neste balanço primeiro?

3. O que você sugere acrescentar para enriquecer e tornar mais abrangente na leitura deste acontecimento?

Logo abaixo há um espaço para você enviar seus comentários, críticas e sugestões.

Edward Guimarães

Secretário executivo do Observatório da Evangelização PUC Minas