No dia 31/10/2019, junto com dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, bispo referencial da Região episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER) e da Região episcopal Nossa Senhora Aparecida (RENSA), o padre Jean Monteiro Francisco Aguiar, MSC, vigário episcopal da RENSA, o frei Elionaldo Ecione e Silva, ODeM, pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças, de Ibirité e um grupo de lideranças do Movimento socioambiental Serra Sempre Viva, visitamos, na parte da manhã, o manancial de Taboões, manancial de abastecimento público de Ibirité e de parte de Belo Horizonte.
No manancial Taboões pudemos contemplar a maravilha que é toda a criação, obra do Deus da vida que cria e age nas ondas da história. O manancial de Taboões é um santuário natural e sagrado, mas está ameaçado de extinção pela mineradora Santa Paulina – que de santa só tem o nome – que insiste em retomar projeto de mineração ao lado do manancial, onde já existem enormes crateras deixadas por essa mesma mineradora.
Visitamos também, com dor no coração, essas crateras que a mineradora Santa Paulina deixou ao lado do manancial Taboões, em Ibirité – MG. Na parte da tarde do mesmo dia, 31/10/2019, fizemos uma longa reunião com 14 vereadores e uma vereadora de Ibirité – MG. Reivindicamos o apoio firme de todos os vereadores e da vereadora na luta para impedir a reabertura da mineração no município de Ibirité.
Exigimos, em nome da defesa da água e, portanto, em defesa da vida da atual e das futuras gerações, que o prefeito de Ibirité, Wiliam Parreira, volte atrás e cancele a Carta de anuência e de concordância com a reabertura de mineração no município.
Apresentamos propostas de vários projetos de lei que precisam ser aprovados na Câmara municipal de Ibirité-MG, para que em breve possamos declarar este município um território livre de mineração.
Como vice-presidente da Comissão episcopal de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, o bispo dom Vicente Ferreira está firme na luta em defesa da vida e pela superação da mineração devastadora em Minas Gerais e no Brasil.
Não podemos admitir a retomada de mineração em Ibirité, pela mineradora Santa Paulina, uma grave ameaça ao manancial de água Taboões, dentro do Parque estadual Serra do Rola Moça.
A mineradora Santa Paulina já causou um enorme estrago socioambiental dentro do Parque Estadual Serra do Rola Moça, no município de Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, ao lado do manancial de Taboões, manancial de abastecimento público de Ibirité e de parte de Belo Horizonte. Além de ser área do Parque e manancial de abastecimento público, a área é uma APP (Área de Preservação Permanente).
Acontece que a mineradora Santa Paulina já construiu, de forma ilegal e imoral, uma estrada que servirá para escoar o minério que pretende voltar a explorar ao lado das crateras já deixadas em Ibirité, dentro do Parque Estadual Serra do Rola Moça.
No manancial de Taboões encontram muitas espécies vegetais e animais raros. As crateras enormes já deixadas pela mineradora Santa Paulina são chagas e feridas na mãe Terra que geme em dores de parto ou de estertor de morte. As poucas flores que insistem em irradiar beleza ao redor das crateras da mineradora Santa Paulina profetizam que não podemos em nenhuma hipótese aceitar a reabertura de mineração na área já sangrada e declarada como zona de sacrifício ao ídolo mercado.
Uma placa empoeirada da Mineradora Santa Paulinha está colocada distante apenas alguns metros de placa da COPASA anunciando que a área é manancial de abastecimento público. Aliás, a cerca de arame do manancial Taboões está literalmente ao lado das crateras causadas pela mineradora Santa Paulina.
Uma placa da COPASA no local diz que a vazão do manancial Taboões é de 50 litros por segundo, o que equivale a 3.000 litros por minuto, 180.000 litros por hora, 4.320.000 litros por dia. Isso é muita água: mais de 20 caminhões por hora ou 480 caminhões de água por dia. Ou 14.400 caminhões por mês. Ou 172.800 caminhões de água por ano. Enfim, o Manancial Taboões garante o abastecimento de milhares de pessoas em Ibirité e Região metropolitana de Belo Horizonte, além de dessedentar milhões de seres vivos na área. Trata-se, portanto, de uma insanidade o projeto da Mineradora Santa Paulina que visa reabrir a mineração na área já tão agredida.
Basta de mineração em Ibirité!
Exigimos o município de Ibirité, MG, como Território Livre de Mineração!
O futuro promissor de Ibirité está diretamente relacionado a luta em defesa do fim da mineração. Com mineração, Ibirité não terá água no futuro. Ibirité não sobreviverá! Mineradoras, na verdade, não geram desenvolvimento para a região. Geram, ao contrário, dependência e, no futuro, destruição e morte. Os poucos empregos que geram são à custa de muito sangue, devastação ambiental e comprometimento do futuro.
Diante da crise hídrica, do colapso hídrico chegando e dos crimes/tragédias das mineradoras em conluio com o Estado, é postura irresponsável e suicida aprovar reabertura de mineração. Por isso, exigimos Ibirité como território livre de mineração.
Assinam essa Nota:
- Movimento SERRA SEMPRE VIVA
- Comissão episcopal sobre Mineração e Ecologia Integral da CNBB (CEEM)
- Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
- CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira).
Ibirité – MG, 01/11/2019
Abaixo, vídeo de Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e vice-presidente da Comissão Episcopal de Mineração e Ecologia Integral da CNBB:
Diante das duas tragédias criminosas de Mariana, Vale do Rio Doce, e Brumadinho, Vale do Paraopeba, leiam a reflexão de dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte, reitor da PUC Minas e coordenador do Observatório da Evangelização:
Mineradoras lesam a humanidade