Relatório da Assembleia do Povo de Deus da Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição – RENSC

A Assembleia da Região episcopal Nossa Senhora da Conceição (RENSC) para a VI Assembleia do povo de Deus da Arquidiocese de Belo Horizonte, aconteceu no dia 19 de outubro de 2019, de 13h30 às 17h15, no auditório da Puc Minas – Unidade São Gabriel.

Registro da Assembleia regional da RENSC para a VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte – Sábado, 19/10/2019. Foto: Pascom.

Contou com a participação de 195 pessoas, sendo párocos, vigários forâneos, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, delegados e delegadas paroquiais, vigário episcopal e o bispo auxiliar referencial para a RENSC.

A assembleia teve a seguinte dinâmica:

  • Acolhida/saudação inicial: pe. Antonio Moacir Rocha, vigário episcopal da Região episcopal Nossa Senhora da Conceição;
  • Oração Inicial: pe. Antonio Marcos Monteiro presidiu a oração juntamente com o colegiado de liturgia da RENSC. Após a oração inicial ele convidou os membros para compor a mesa;
  • Palavra do bispo referencial: Dom Edson Oriolo proferiu algumas palavras iluminadas pelo modo de ser e de agir de Jesus, que encontrava sempre meios para chegar até as pessoas em suas diversas realidades. Citou a passagem o evangelho Marcos 8, 27-30 – o encontro de Jesus com seus discípulos em Césareia. Ele disse também que através da Assembleia nos colocamos em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2013), por isso convidados somos para sermos uma Igreja da Palavra tornando presente as ações do Evangelho na vida do nosso povo, isto significa a evangelização na realidade contemporânea;
  • Metodologia da Assembleia: Pe Antonio Moacir explicou a metodologia da Assembleia. Foi acertado com os presentes que não faríamos trabalho em grupo conforme sugerido no instrumento de trabalho.
  • Apresentação das síntese das assembleias paroquiais da RENSC: Pe Filipe Gouveia apresentou a síntese geral das contribuições vindas das assembleias paroquiais (76 Paróquias e 2 Áreas Pastorais);
  • Palavra dos assessores: A seguir foi dada a palavra para cada um dos assessores responsáveis para aprofundar e motivar cada dimensão:

a) Casa da Palavra: ir. Ana Maria de Castro, da Congregação Pequenas Filhas de São José;

b) Casa do Pão: pe. Francisco Esteves Pimenta (Pe Chico Pimenta);

c) Casa da Caridade: pe. Paulo César da Silva;

d) Casa da Missão: Wendel José dos Santos.

Após a colocação feita por cada assessor, foi dado um tempo para que algumas pessoas da assembleia pudessem fazer algumas considerações e a seguir foi realizada, por meio de votação, as indicações que a RENSC enviará para a grande assembleia da Arquidiocese. Foi sugerido algumas junções nas prioridades de cada pilar da Casa.

Registro da Assembleia regional da RENSC para a VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte – Sábado, 19/10/2019. Foto: Pascom.

A) Assim ficaram definidas as prioridades apontadas pela RENSC para a grande Assembleia arquidiocesana de novembro:

ficando assim definido:

I – Casa da Palavra

  1. Criar, ampliar e acompanhar Grupos de Reflexão Bíblica, Encontros Bíblicos, Círculos Bíblicos, Leitura Orante da Palavra e outros meios possíveis numa cultura digital, a fim de que cresça o encontro dos fieis com a Palavra de Deus, fomentando o espírito comunitário em redes de pequenas comunidades. (124);
  2. Garantir a celebração da Palavra de Deus, com a comunhão eucarística, ao menos em todos os domingos, presidida por ministros leigos para isto preparados, em todas as comunidades eclesiais que não tenham a oportunidade da Celebração Eucarística. (119);
  3. Promover uma catequese atenta à cultura urbana e rural, numa metodologia e linguagem que utilizem a arte (música, cinema, teatro, imagens e outros), a serviço da educação da fé. Cuidar da inspiração catecumenal de toda a catequese o que implica, entre outros aspectos, ser uma catequese querigmática e mistagógica e missionária. (72).

II – Casa do Pão

  1. Investir no cultivo da espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo, nos processos de formação inicial e permanente dos presbíteros, diáconos permanentes bem como dos agentes de pastoral, para que isso possibilite a saída de uma experiência religiosa fechada em si mesma e clericalista. (138);
  2. Evangelizar considerando a riqueza da religiosidade popular iluminada pela Palavra, sobretudo nas cidades históricas e santuários, como caminho para despertar e aprofundar a fé, iluminado pela Palavra de Deus, rumo à pertença à comunidade eclesial. (98);
  3. Garantir que as orientações para a Pastoral Litúrgica, nas paróquias e comunidades, contemplem as orientações do Secretariado Arquidiocesano de Liturgia (SAL). (82).

=> Sugestão apresentada:
Proporcionar formação nas paróquias, levando ao aprofundamento sobre a unidade intrínseca do rito da Santa Missa e “a partir das duas mesas, a da Palavra de Deus e a do corpo de Cristo, a Igreja recebe e oferece aos fiéis o pão de vida”.

III – Casa da Caridade

  1. Capacitar os evangelizadores para que as comunidades sejam verdadeiras casas de acolhida e do cuidado de todas as pessoas, sobretudo dos mais pobres e excluídos, especialmente por meio dos Núcleos de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial (NAASP) e a Rede de Articulação da Solidariedade Paroquial (REARTISOL), (junção do item 1 com o item 7) – (131);
  2. Despertar o engajamento dos cristãos nas questões políticas e sociais tendo em vista os irrenunciáveis direitos humanos e sociais. (74);
  3. Investir na ação evangelizadora com as Juventudes (formação, encontros, articulação, integração e outros), com o apoio do Secretariado Arquidiocesano das Juventudes (SAJ) com olhar especial de combate as drogas, violência e desemprego. (74).

IV – Casa da Missão

  1. Priorizar a ação missionária nas vilas e favelas, condomínios e edifícios criando comunidades missionárias alicerçadas na Palavra. (111);
  2. Integrar a pastoral, com a participação dos cristãos nas organizações sociais, nas associações comunitárias e nos conselhos públicos, de modo que os cristãos, vocacionados às funções publicas e partidárias, assumam de forma consciente sua missão. (70);
  3. Junção das indicações: 5, 6 e 8. Atualizar e qualificar os Meios de Comunicação Social da Arquidiocese, a fim de que favoreçam o anúncio e vivência da Palavra de Deus e desenvolvam sua dimensão profética, na defesa dos pobres, dos direitos humanos e de uma sociedade justa e fraterna. Investir e ampliar ainda mais a Pastoral da Comunicação (PASCOM), as redes sociais, lugares de evangelização e profecia, que denunciam e anunciam, despertando pessoas e comunidades para a vivência da fraternidade e da comunhão nesses novos espaços. (97)
Registro da Assembleia regional da RENSC para a VI APD da Arquidiocese de Belo Horizonte – Sábado, 19/10/2019. Foto: Pascom.

B) Observações importantes surgidas na Assembleia regional da RENSC:

  1. No item “Casa do Pão”, há uma concordância e entendimento sobre a
    importância da Celebração da Palavra com ministros leigos e diáconos permanentes, mas é muito grave o instrumento de trabalho não apresentar nas ações propostas sobre a “casa do pão” nenhuma que falasse da “missa dominical”, no ser “casa da palavra” já havia se refletido muito sobre a “celebração da Palavra” e aqui, na “casa do pão” há uma carência de reflexão sobre a “celebração eucarística” direito de todo fiel participar aos domingos. A celebração da palavra é uma exceção e no nosso projeto parece assumir como regra. Nas DGAEs da CNBB (93, 94, 164 e 165) está bem colocada e explícita a centralidade da eucaristia, mesmo da missa (cf. Catecismo da Igreja Católica 1324 e 1325 e a Sacrosanctum Concilium). Não há nenhuma referência à espiritualidade eucarística, que deve ser levada em consideração se quisermos ser “casa do pão”;
  2. A Palavra de Deus parece não ter força e expressão no coração dos fieis, haja vista o menosprezo em relação às celebrações da Palavra por parte dos próprios leigos;
  3. Clamor por unidade e referência nas celebrações eucarísticas, seguindo um só ritual (? – já tem o missal ????), com uma linguagem que o povo entenda. Sobriedade, evitar excessos de músicas, recados e falas desnecessárias;
  4. Uma acolhida calorosa que garanta o retorno de muitos fieis e o
    engajamento de outros que não se sentem valorizados e parte integrante das comunidades;
  5. A Palavra de Deus seja contextualizada; cuidar para que a Igreja esteja em saída, olhando para dentro das comunidades; cuidado integral que abraça a ecologia olhando pela Serra da Piedade; investir em materiais de evangelização com custos acessíveis;
  6. A valorização dos vários Conselhos Pastorais nos mais diversos âmbitos da Arquidiocese (comunidade, paróquia, forania, região, arquidiocese). Constata-se um enfraquecimento e uma deficiência na pastoral de conjunto da Arquidiocese;
  7. Como sugestão para a nossa Igreja arquidiocesana, a implantação do termo cidadania para grupos de Fé e Política, ficando: “Fé, Política e Cidadania”;
  8. Foi feita a constatação de que as propostas do Instrumento de Trabalho NÃO SÃO ACESSÍVEIS AO POVO. Seu linguajar é difícil e não possibilita ao povo uma compreensão clara da proposta. Por isso, houveram dificuldades em dar opinião com mais clareza e convicção. Que o material produzido seja de linguagem simples e catequética, de fácil compreensão a sua leitura;
  9. Foi ressaltada a dificuldade que as pessoas têm quando a Igreja fala de “questões políticas e sociais”; em “opção pelos pobres”… são muitas as justificativas que cada um dá sobre a discordância nestes assuntos. Por exemplo: “…na teoria, a Igreja fala muito em pobre, mas na prática, pouco (ou quase nada) se faz… basta ver as paróquias pobres, é um padre para muitas comunidades. Comparando com as paróquias ricas, além de não possuírem capelas, são vários padres à disposição.” A igreja deveria levar isso em consideração;
  10. Cursos de liturgia e outros serem oferecidos ao menos em nível de forania para possibilitar a participação de mais pessoas;
  11. Proporcionar lugar de encontro em nossas paróquias, reuniões dos grupos e comunidades, não resolver as coisas por Apps;
  12. Fazer circular as informações das atividades da arquidiocese, da região, das comunidades para que os interessados possam buscar formação. Pouco se faz com relação à divulgação ou, na maioria das vezes, muito em cima da hora;
  13. Deixar claro no projeto a solidariedade da Igreja em situações bem concretas, como os moradores de rua, drogados…;
  14. Formação com agentes multiplicadores da Palavra, não meros ouvintes;
  15. Diante das muitas divergências entre relatórios, pode ser causa a linguagem difícil e a falta de clareza nas orientações do Instrumento de Trabalho, desproporção entre proposições, indicações com má redação e formatação;
  16. Acrescentar à realidade urbana a palavra rural, levando em consideração muitas comunidades imersas nessa cultura;
  17. Promover uma descentralização das ações arquidiocesanas, ex. Secretariados a nível regional (SAJ, SAF…);
  18. Priorizar a participação dos pais na catequese dos filhos;
  19. Promover ações nas casas dos catequizandos com o objetivo de incentivar e motivar atitudes que solidifiquem uma catequese querigmática e mistagógica;
  20. Na diretriz Ser Casa da Palavra foi sugerido fazer intercâmbio de Ministros da Palavra entre paróquias onde existe a necessidade.

O desafio é o de buscarmos ser uma Igreja Missionária, que se ocupa em anunciar e testemunhar a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus a todos, e especialmente com os mais pobres e excluídos de dessa sociedade em que vivemos em franca urbanização.

Ao final, Dom Edson agradeceu a todos os presentes e disse que a exemplo da passagem de Jesus e os discípulos em Cesária, citado na abertura da Assembleia, todos continuem com a missão de anunciar o Evangelho, que as ações estejam em sintonia com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023) e que a Assembleia foi um momento animador de esperança em nossa Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição.

Cremilda de Almeida Moreira

Cremilda de Almeida Moreira

Secretária da Região episcopal Nossa Senhora da Conceição

Dalca do Couto Gonçalves

Dalca do Couto Gonçalves

Membro do Conselho regional pastoral e do Conselho arquidiocesano de pastoral