O grupo refletiu sobre os temas abaixo:
- 1) Formação dos leigos e dos missionários;
- 2) Violência contra os povos, as pessoas e a natureza;
- 3) Culturas amazônicas e evangelização;
- 4) Piedade popular;
- 5) Vida Consagrada na Amazônia;
- 6) Juventude;
- 7) Migrações e cidades;
- 8) Ministérios.
1) FORMAÇÃO DOS LEIGOS E DOS MISSIONÁRIOS
Constatou-se a necessidade de dar uma maior formação para os leigos sobre a identidade católica. Seja querigmática, bíblica, teológica e para uma atuação na sociedade com base na Doutrina Social da Igreja. Merece destaque a formação para o entendimento e vivência dos sacramentos, um dos elementos básicos da identidade católica. A formação deve ser integral e não só doutrinal, mas também que leve a uma experiência de um encontro com Jesus Cristo e a uma maior participação na comunidade. Dê-se uma formação humana, psicológica e afetiva para as pessoas feridas e frágeis, que sofreram violências de todos os tipos. Seja dada também formação para o ecumenismo e a interculturalidade
A Igreja conseguirá cumprir bem sua missão formando bem seus presbíteros. Por isso recomenda-se que a formação dos sacerdotes contenha uma formação prática e uma experiência direta de trabalhos pastorais, além dos estudos acadêmicos. É necessário que todo seminarista faça uma experiência como catequista e missionário. Nãos se pode perder de vista que os padres são formados para a Igreja e para o mundo e não só para a diocese ou congregação. Todos os formandos para o sacerdócio devem fazer uma experiência de uma Igreja em saída, ou seja, fazendo trabalhos com o pessoal de rua e visitas de casa em casa, ir às prisões, hospitais etc.
2) VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS, AS PESSOAS E A NATUREZA
A violência na Amazônia é praticada contra pessoas, povos, culturas e natureza. Será útil a criação de um Observatório Internacional e Centros de Direitos visando demarcação, proteção e direitos garantidos pela Constituição e Convenção 169 da OIT. A Igreja invista na formação de agentes de pastoral e lideranças para capacitá-los aos enfrentamentos dos desafios das violações dos Direitos Humanos e da natureza. Também o Estado seja ser cobrado para que realize políticas públicas em relação aos povos originários. A defesa dos povos e da natureza deve ser uma ação eclesial e não apenas uma pastoral. Por isso as pastorais sociais devem ser eclesiais e caminharem dentro da pastoral de conjunto e não paralelamente. As coisas boas que a Igreja faz através das pastorais sociais devem ser mais divulgadas.
Em relação à violência contra as pessoas é necessário que se dê voz e proteção aos violentados. O tráfico de pessoas deve ser combatido e a Igreja não pode ficar omissa. As paróquias criem espaços seguros para crianças, adolescentes e vulneráveis. Exigir que sejam respeitados os Estatutos da Criança e Nascituro. Os católicos sejam incentivados a participarem nos Conselhos Municipais. Seja assumido um trabalho de prevenção junto às crianças, adolescentes ao abuso sexual, tráfico de pessoas, carco tráfico e femicídio. Proteção dos defensores dos direitos humanos e da natureza.
A humanidade caminha para o reconhecimento da natureza como sujeito de direito. A visão antropocêntrica utilitária está superada, o que significa dizer que os humanos não pode mais submeter os recursos da natureza a uma exploração da natureza ilimitada que colocam em risco a própria humanidade.
O projeto de vida de Deus nos solicita um relacionamento conosco com os outros, com a criação e com Deus. É fundamental promover a dignidade humana e o bem comum da sociedade e o cuidado ambiental (Laudato Sì 137-142).
- Propondo linhas de ação institucionais, que promovam o respeito pelo meio ambiente.
- Projetando programas de formação formais e informais sobre o cuidado da Casa Comum para seus agentes pastorais e seus fiéis, abertos à comunidade inteira em “um esforço de formação das consciências da população” (LS, 214), com base nos caps. V e VI da Encíclica Laudato Si’.
- Denunciando a violação dos direitos humanos e a destruição extrativista.
- Criação do ministério dos guardiões da casa comum.
3) CULTURAS AMAZÔNICAS E EVANGELIZAÇÃO
“O desaparecimento duma cultura pode ser tanto ou mais grave do que o desaparecimento duma espécie animal ou vegetal” (Laudato Sì 145). Esta é uma exortação para que se respeite e se defenda todas as culturas, mas não se pode deixar de anunciar o evangelho. O Sermão da Montanha é uma proposta insuperável, que deve ser apresentada em todas as culturas. O etnocídio seja combatido porque mata a cultura e o espírito. Por isso, o missionário se despoje de toda mentalidade colonialista e respeitar os costumes, ritos, crenças, hábitos das pessoas daquela cultura.
4) PIEDADE POPULAR
Devido à grande importância da piedade popular, recomenda-se que:
- As manifestações com a qual o povo expressa sua fé, mediante imagens, símbolos, tradições, ritos e outros sacramentais sejam apreciadas, acompanhadas e promovidas;
- As festas patronais sejam aproveitadas como momento privilegiado de evangelização e direcionadas para o mistério de Cristo;
- As devoções populares sejam iluminadas com a Palavra de Deus;
- “Deve ser dada uma catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular. Uma maneira concreta pode ser oferecer um processo de iniciação cristã … que nos leva a nos assemelhar cada vez mais a Jesus Cristo, provoque a apropriação progressiva de suas atitudes” (DAp, n. 300);
5) VIDA CONSAGRADA NA AMAZÔNIA
Desde os primórdios da colonização da Amazônia, a vida religiosa sempre teve um papel de destaque na obra da evangelização dos povos amazônicos. Foram aos mais longínquos e inóspitos recantos. Milhares de consagrados, com idealismo e empenho, gastaram suas energias e entusiasmo de juventude pela causa do Reino.
Os religiosos/as cheguem com o coração desapegado e livre para que possam se inserir na realidade local com suas exigências, como por exemplo: aprender línguas, práticas religiosas e culturais.
É de fundamental importância que as Congregações Religiosas voltem a fundar comunidades missionárias estáveis nas aldeias indígenas, destinando consagrados para que possam se inserirem por inteiro na cultura e evangelizarem com eficácia. Os religiosos e as religiosas devem dar sua disponibilidade para compartilhar a vida local com coração, cabeça e mãos.
Os consagrados enriqueçam com o próprio carisma a vida eclesial.
6) JUVENTUDE
A juventude compõe uma grande parcela da população amazônica e merece uma atenção especial por parte da Igreja. Em primeiro lugar recomendou-se aplicar as conclusões do Sínodo da Juventude. Mas também se constatou que a Igreja deve ir mais ao encontro da juventude nas escolas e mesmo de casa em casa. As paróquias ofereçam um acompanhamento aos jovens contando principalmente com leigos preparados para isto. Devem criar oratórios e centros juvenis de lazer e artísticos (teatro, música, dança, etc). Devem aproveitar os meios de comunicação e as redes sociais. Dê-se ênfase à pastoral juvenil, escolar e universitária.
7) MIGRAÇÕES E CIDADES
A maior parte da população está na cidade. Portanto, a pastoral urbana é um grande desafio. A Igreja deve estar em estado permanente de acolhida e anúncio. Incentivar a agricultura familiar, a etnoecologia e geração de renda.
Exigir perante os poderes públicos que respondam às necessidades das políticas públicas urbanas, rural e indígena. Exigir que seja feita a consulta prévia e livre e informada junto aos povos diante das obras e projetos que promove agravante impactos migratório e socioambientais devido ao modelo econômico.
Constituir equipes missionárias de maneira coordenada para que possam atender e acompanhar os migrantes nas áreas urbanas.
Além da pastoral indigenista, fortalecer a pastoral indígena, e incentivar centros de saúde indígenas.
8) MINISTÉRIOS
Reafirmamos o valor do celibato e a necessidade de um maior empenho na pastoral vocacional. Consideramos essencial a valorização dos ministérios existentes e a instituições de novos ministérios conforme as necessidades.
A escuta realizada previamente ao Sínodo manifestou o desejo de conferir a ordenação presbiteral aos viri probati, assim como o ministério da diaconia para mulheres. Esses dois pontos pedem um posterior amadurecimento e aprofundamento.
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