Como um dos 25 peritos nomeados pelo papa Francisco para assessorar os secretários especiais do Sínodo para a Amazônia, posso dizer que estamos chegando ao final da primeira semana com o coração agradecido a Deus. De modo especial, pelo clima sereno e fraterno predominante desde as primeiras sessões plenárias, quando todos os padres sinodais puderam falar sobre diversos temas de livre escolha, sempre na presença do Papa, que nunca perde o bom senso de humor e também a firmeza na hora de expressar a sua opinião.
Após três dias de congregação geral, tivemos dois dias de reuniões em grupos linguísticos (português, espanhol, italiano, inglês), para aprofundar os temas saídos nos discursos anteriores.
Disso tudo devem começar a sair as principais ideias e sugestões que serão enviadas à equipe de redação, sendo depois passada ao relato geral do sínodo, cardeal Cláudio Hummes.
Os temas mais destacados até aqui se referem à preocupação com o presente e o futuro do bioma amazônico e dos povos originários (indígenas) que ali residem, como também os desafios pastorais que a Igreja enfrenta na região, com suas imensas distâncias e poucos recursos humanos e financeiros para se fazer presente de modo eficaz em todas as comunidades eclesiais.
Algumas propostas pastorais começam a ser discutidas, como a do “viri probatis”, isto é, a possibilidade de se ordenar certas lideranças comunitárias, mesmo que sejam homens casados, desde que tenham as qualidades para tal ministério, lá onde dificilmente se poderá enviar um sacerdote.
Da mesma forma, se discute a eventual possibilidade de se instituir o diaconato feminino, nos moldes do diaconato permanente, lá onde já são as mulheres (religiosas, leigas) que administram e coordenam a comunidade, por falta de padres.
Discute-se também a necessidade de maior formação para os leigos, a urgência de uma pastoral urbana que chegue nas periferias de grandes metrópoles como Manaus e Belém, o clericalismo e aburguesamento de muitos jovens sacerdotes e seminaristas, a falta de recursos financeiros mínimos em muitas dioceses etc. Mas, apesar de tantos desafios, o Sínodo tem enchido de esperança a todos e o sentimento predominante é de esperança e gratidão ao papa Francisco por esta iniciativa.
Pe Adelson Araújo dos Santos SJ
Doutor em Teologia, é professor da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e diretor do Centro de Formação São Pedro Fabre.
Sejamos gratos a Deus pela iniciativa do Papa Francisco com o Sínodo da Amazônia. Oremos para que os objetivos sejam atingidos, para a glória de Deus e bem da humanidade e da Casa Comum!
Estamos em oração. Para que sejam realizados todos os planos do nosso querido papa Francisco!