Vaticano levanta definitivamente o veto ao pai da Teologia da Libertação

O teólogo peruano e pai da Teologia da Libertação, Gustavo Gutiérrez, participará em outubro, como figura central, de um encontro sobre os 40 anos da Conferência de Puebla.

(A reportagem é de Hernán Reyes Alcalde, publicada por Religión Digital, 12-07-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.)

Aos 91 anos, Gustavo Gutiérrez será finalmente aceito pelo Vaticano. Depois da amigável carta que o papa Francisco lhe enviou em 2018 para saudá-lo pelo seu aniversário de 90 anos, o teólogo peruano será a figura central de um encontro organizado pela Pontifícia Comissão para a América Latina para comemorar os 40 anos da Conferência de Puebla.

Gutiérrez será o convidado central do Congresso “Aos quarenta anos da Conferência de Puebla”, que será em Roma, na Cúria Geral dos Jesuítas, de 2 a 4 de outubro — informação confirmada por Religión Digital.

Pai da denominada “Teologia da Libertação”, pela qual enfrentou pelo Vaticano durante anos, Gutiérrez nasceu em 8 de junho de 1928, em Lima, em uma família de raízes quéchuas e espanholas.

Em 1947 entrou na Faculdade de Medicina da Universidad Nacional de San Marcos, mas sua participação na Ação Católica despertou nele uma vocação ao sacerdócio, e se fez padre em 1959, depois de ter estudado na Bélgica e França.

Depois de anos de distância em relação a Santa Sé, houve dois momentos nos quais sua admiração com Jorge Bergoglio o aproximou de Roma: os dois se abraçaram na Casa Santa Marta, em setembro de 2013, e voltaram a compartilhar um momento semelhante quando se reuniram em Lima, no início de 2018, no último dia de visita da Francisco a Peru. Depois, no ano passado, Francisco enviou uma amigável carta para saudá-lo pelos seus 90 anos.

A partir dos anos 60, desde sua preocupação pela injusta estrutura social na América Latina, Gutiérrez foi desenvolvendo um novo enfoque teológico – a “teologia da libertação” – em que equiparou a soteriologia e o desenvolvimento humano, fato pelo qual recebeu muitas críticas por parte da hierarquia, que suspeitava que tratava de um enfoque demasiado político ou ideológico. Sempre manteve, no entanto, a admiração de Jorge Bergoglio.

No congresso de outubro, junto a Gutiérrez, estarão entre outros o novo presidente do Celam, Héctor Cabrejos Vidarte; os teólogos argentinos Carlos Galli, Juan Carlos Scannone; o uruguaio Guzmán Carriquiry, até pouco tempo vice-presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina; e o italiano Gianni La Bella, especialista em América Latina, da comunidade San Egídio.

Fonte:

IHU

2 Comentários

  1. Mas cadê o Frei Leonardo Boff, sem Boff não há teologia da libertação. Pe. Caetano.

    • Olá estimado Pe. Caetano, como vai? Boa lembrança. Que o papa Francisco delete para sempre esta prática de condenar ou vetar teólogos e teólogas. Que o clima de diálogo fraterno e crítico, na luz do Espírito Santo, na busca da vontade de Deus seja sempre o que predomine entre nós, com os irmãos de outras Igrejas e tradições religiosas.
      Grande abraço,
      Edward Guimarães
      Secretário Executivo do OE PUC Minas

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