O tema da Campanha da Fraternidade de 2019 coloca o dedo na ferida da realidade sociopolítica nacional. Expõe, com coragem profética, a gravidade da atual distância entre os mais ricos e os mais pobres e dos mecanismos que promovem crescente desigualdade social no Brasil. E, com clareza solar, afirma que a falta de políticas públicas revela uma lógica perversa geradora do maior problema social de nosso país: a injustiça social com contínua criminalização dos pobres, vulneráveis e excluídos.
Nesse sentido, somos interpelados a refletir, indignar-se e comprometer-se com a transformação da
- Cultura da indiferença diante das injustiças sociais gritantes e visíveis aos olhos de todos. Em contexto macro, o papa Francisco denuncia uma globalização desta indiferença com as vítimas e os mais pobres;
- Mentalidade que acolhe como normal o fato de convivermos em contexto de aviltante desigualdade social no conjunto da população brasileira, quando uns poucos privilegiados vivem na abastança e na mordomia, enquanto muitos, a maioria dos brasileiros, apenas sobrevive;
- Realidade de um poder político, concebido e constituído para defender a democracia constitucional que nos irmana e iguala em dignidade cidadã, ou seja, uma realidade social na qual todos têm os mesmos direitos e deveres, exercido com o objetivo de manter a ordem e o status quo de uma estrutura social profundamente injusta e desigual e que define e promove progresso para uns poucos privilegiados;
- Realidade de um Estado, instituição criada para combater toda forma de exclusão social e promover políticas públicas e ações afirmativas emergenciais de inclusão dos mais vulneráveis e pobres, criando assim outra dinâmica social possível fundada na defesa da igual dignidade cidadã, que se tornou ineficiente, corrompido e o principal fator de sustentação de uma lógica injusta de privilégios de classe e de casta;
Assista ao vídeo 03 com as seguintes questões: Diante da grave constatação da ineficiência do Estado para cumprir a sua principal missão, do lastro de corrupção e de privilégios socioeconômicos no âmbito dos três poderes e de desavergonhada apropriação do próprio Estado pelas elites do poder econômico e político de nosso país, e que está evidente na pesquisa da Revista Transite da UFMG, apresentada neste terceiro vídeo, o que podemos fazer enquanto sociedade civil organizada para reverter esta trágica situação? Neste contexto adverso, os movimentos populares e demais grupos organizados da sociedade civil tem conseguido fazer a diferença na concretização de políticas públicas para os excluídos da mesa da cidadania? Os cristãos tem encontrar fontes de esperança e de coragem para lutar, na memória dos profetas, na caminhada do povo de Deus e na prática libertadora de Jesus?