O intuito do grupo em Belo Horizonte, criado por espontânea vontade dos participantes, é formar um comitê de fiscalização pela Sociedade Civil organizada.
Uma grave tragédia anunciada aconteceu há apenas três anos, em 2015, quando ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, das mineradoras Samarco-vale-BHP, na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Agora, outra tragédia, que também já era anunciada, com a ruptura de barragens de rejeito de minério da Vale, no mesmo Estado. Desta vez levou o Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG. A lama que desceu pela barragem rompida, da empresa Vale, no dia 26 de janeiro de 2019, levou consigo vidas, histórias, sonhos, desejos, de maneira desumana e completamente perversa, além de deixar na rua dezenas de famílias que sofrem pela dor da perda e pela falta de esperança que cresce a cada dia.
Não foi acidente, foi um crime! Essa é a afirmação de muitas pessoas que viram de perto a tragédia em Brumadinho. É a indignação pelos sérios impactos causados pela mineração que moveu um grupo de professores, engenheiros, arquitetos, jornalistas, ativistas, entre tantos outros profissionais e interessados pela causa. Esse grupo se reuniu nessa segunda-feira, 28 de janeiro, na Paróquia Santo Antônio, bairro Funcionários, em BH, para discutir a viabilização de ideias, tais como:
- Criação de um comitê permanente da sociedade civil para acompanhamento da reformulação da atividade mineradora no Estado.
- Exigir auditoria independente, com participação internacional, para avaliação das condições de todas as barragens de rejeitos de MG.
- Exigir votação de lei determinando prazo curto para descomissionamento de todas as barragens de rejeito e substituição por tecnologias adequadas com exclusão das barragens de rejeito.
- Na área de Brumadinho inundada pela lama, criar um cemitério parque/museu, memorial das vítimas do local, de Mariana e das vítimas de todos os acidentes já ocorridos no Brasil com rompimentos de barragens.
- Criar material para conscientização das pessoas sobre as consequências do consumismo, o meio ambiente e a qualidade de vida.
Uma das participantes do encontro nessa segunda-feira, Simone Bottrel, coordenadora da ARCA Amaserra (Associação para a Recuperação e Conservação Ambiental), disse emocionada que é importantíssimo que ações como esta aconteçam, reunindo pessoas que queiram articular e agir efetivamente diante de um crime como foi em Mariana e agora em Brumadinho.
Entrevista com Simone Bottrel:
Ainda durante o evento o engenheiro Euler de Carvalho Cruz, um dos idealizadores deste grupo, disse que é necessário cobrar das autoridades providências para situações como a de Mariana e Brumadinho. “A gente precisa canalizar essa indignação e transformar em ação efetiva, com ética e ponderação. Desta forma poderemos estabelecer metas, caminhos e ações para que tragédias como essas nunca mais aconteçam. Não podemos ficar parados, temos que cobrar das autoridades.” Afirmou.
Por: Observatório da Evangelização/PUC Minas