Assembleia da CNBB se manifestará sobre as eleições e o momento nacional. Na quarta (18/04/2018), falaram três bispos que são o rosto da Igreja que, no Brasil, caminha com o Papa: dom Claudio Hummes, dom Roque Paloschi e dom Guilherme Werlang. Dom Paloshi foi contundente sobre a criminalização dos movimentos sociais e daqueles que atuam ao lado dos mais pobres: “Temos consciência de que se a Igreja não falar, as pedras vão falar”.
Por Mauro Lopes, com informações da CNBB
Nesta quinta (19/04/2018), a 56ª Assembleia Geral da CNBB, reunida em Aparecida, divulgará duas manifestações importantes, sobre as eleições e o momento nacional. Elas darão o norte da Igreja Católica no país nos próximos tempos: haverá profetismo ou será mantida a linha de concessões aos integristas com uma posição dúbia e silente diante dos atentados às democracia, aos assassinatos e prisões injustas?
Ontem falaram à assembleia três bispos que são o rosto da Igreja que, no Brasil, caminha ao lado do Papa. Eles participaram da entrevista coletiva diária organizada pela CNBB (você pode clicar no link abaixo e assistir).
O cardeal dom Claudio Hummes, presidente da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica) falou sobre o Sínodo da Amazônia, que acontecerá em 2019. Voltando de um encontro com o Papa, ele afirmou:
“Segundo o Papa, os primeiros interlocutores desse Sínodo são os indígenas e o povo simples, como os ribeirinhos e todos aqueles que trabalham no interior da Amazônia… queremos passar de uma Igreja indigenista a uma Igreja indígena”.
O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, fez uma contundente denúncia da situação dos indígenas no país: “O sofrimento dos indígenas nunca passa da sexta-feira Santa, eles são sempre vilipendiados e vítimas de escárnio no Brasil”. Ele falou ainda sobre a sequência de assassinatos, prisões e perseguições como as que vitimaram irmã Dorothy Stang (assassinada por ruralistas em 2005) e padre José Amaro (preso desde 27 de março último a mando dos mesmos ruralistas), ambos em Anapu (PA):
“Há uma ação muito articulada para excluir, desmoralizar e criminalizar todos aqueles que se colocam ao lado dos menos favorecidos, seja ao lado dos quilombolas, indígenas, desempregados, pescadores, quebradoras de coco. Mas temos consciência de que se a Igreja não fala, as pedras vão falar.”
Dom Guilherme Werlang, bispo de Lages (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, falou sobre o desejo de uma nova Semana Social Brasileira (a última foi em 2013) e da edição 2018 do Grito dos Excluídos. Para ele,
“toda ação social feita pela Igreja deve ser transformadora a partir dos valores do Evangelho. Deus sempre olha e ouve o grito do seu povo, os mais pobres e oprimidos, desce para libertar e devolve a dignidade de filiação divina a todos os seus filhos e filhas”.
Assista às entrevistas, elas revelam uma faceta da CNBB herdeira do melhor da tradição aberta por dom Helder Câmara:
Fonte:
“Se posicionar-se a favor dos pobres é ser comunista, Jesus Cristo e eu somos comunista!” (PAPA FRANCISCO).
“Aprendei de mim que Sou manso e humilde de coração.” (Mateus 11,29).