“A estratégia levada à frente por Francisco é de confirmação de uma Igreja sinodal. Uma Igreja que está atenta a perceber os sinais de Deus na história e, neste caso, na vida da Juventude, com a participação de todos. As consultas não serão só aos jovens que estão nas comunidades eclesiais católicas; mas também àqueles que se dizem ateus, aos que estão nas periferias, grandes centros, nas outras comunidades cristãs, nas outras religiões e assim por diante. É tempo indispensável de escuta da Juventude.”
Opção Preferencial pelos Jovens
Pe. Matias Soares
A Igreja prepara-se para celebrar o Sínodo para a Juventude (10/2018), com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Há que ser destacado, contudo, que a opção preferencial pelos jovens já fora assumida pela III Conferência Episcopal Latino-Americana, em Puebla (1979). Posteriormente, com as Jornadas Mundiais da Juventude, São João Paulo II sinalizou essa atenção urgente que a Igreja devia dar aos jovens. Entretanto, a ação ficou na grande mobilização. Sempre houve o questionamento de como as Igrejas Particulares, e aqui as dioceses, assumiriam essa opção, no continente latino-americano e nas demais realidades. Há falas contundentes do Papa Francisco em incentivar à Juventude a assumir o seu protagonismo e capacidade de transformação das situações, à luz do Evangelho.
Ainda sobre a Conferência de Puebla, no México, a Instrução acerca de Alguns Aspectos da Teologia da Libertação, em (1984), assinala: “Lembremos que a opção preferencial, definida em Puebla é dupla: pelos Pobres e pelos Jovens. É significativo que a opção pela Juventude seja de maneira geral, totalmente silenciada” (VI, 6). Essa constatação é sintomática e nos leva a repensar seriamente sobre as práticas pastorais que tivemos no passado e o porquê do “silêncio” na atenção que deveria ter sido dada à Juventude.
Em pesquisa que saiu recentemente sobre a procura de jovens pelas comunidades protestantes, alguns questionamentos sobre tal fenômeno deveriam nos chamar à atenção. O que podemos constatar é que a Juventude deseja participar da experiência de comunidade, como os demais seres humanos. Essa dimensão antropológica é importante para que não estigmatizemos os jovens com preconceitos que não dizem nada sobre o anseio que eles têm de preencher sua busca pelo sentido da existência, pessoal e comunitário.
A convocação do Sínodo é uma atitude querida pelo Papa Francisco, que nos trará questões fundamentais para toda a vida pastoral da Igreja, nesta opção que a mesma Igreja é agora universalmente chamada a assumir. Não será um evento sem perspectivas; mas, ao contrário, nos trará incentivos e possibilidades de amadurecimento na ação missionária junto à Juventude. O empenho de todos os que compõem o povo de Deus é condição sem a qual essa atenção, maternal e acolhedora, não terá o êxito querido pelo Santo Padre.
A estratégia levada à frente por Francisco é de confirmação de uma Igreja sinodal. Uma Igreja que está atenta a perceber os sinais de Deus na história e, neste caso, na vida da Juventude, com a participação de todos. As consultas não serão só aos jovens que estão nas comunidades eclesiais católicas; mas também àqueles que se dizem ateus, aos que estão nas periferias, grandes centros, nas outras comunidades cristãs, nas outras religiões e assim por diante. É tempo indispensável de escuta da Juventude. É tempo de ouvir o que essa maravilhosa Juventude, portadora da esperança, tem a dizer à Igreja e ao Mundo, com coragem, determinação e consciência do próprio protagonismo. A Igreja e as demais Instituições precisam ter clareza de que o que está em jogo é o futuro da própria sociedade e o bem dos jovens.
Por fim, vamos fazer esse caminho juntos. Jovens e demais homens e mulheres de boa vontade, que sabem e acreditam na força dos jovens. Nunca é em vão dizer para essa amada Juventude: Nós confiamos em vocês, digam neste momento da História o que vocês esperam e o que desejam ser no presente e no futuro; invadam a Igreja e sejam senhores deste Mundo que precisa de tudo o que vocês têm de melhor, que é a sua alegria, esperança, força e desejo de amar e ser amados. Assim o seja!
Nosso colaborador Matias Soares, mestrando em Teologia Moral na Universidade Gregoriana, em Roma, é presbítero da Arquidiocese de Natal / RN.