FINADOS: dia propício para celebrar e renovar a fé no “viver em Cristo”

O desafio da vida nova: o viver em Cristo

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Os cristãos, por tradição, celebram no dia 02 de novembro o “Dia de finados”. Mas qual o significado maior dessa celebração?

Para muitos cristãos, essa data ficou reduzida ao costume de visitar o túmulo de familiares e amigos/as falecidos/as, levando flores, lágrimas de saudade e o compromisso afetivo de participar de uma celebração da Eucaristia, irmanados pela mesma prece: – Pelo descanso eterno daqueles que amamos e já passaram pelo túnel da morte e vivem na glória da morada eterna junto de Deus.

Acontece que, quando aprofundamos na fecundidade e beleza da fé cristã enquanto um jeito novo de viver, quando a assumimos para valer, como autêntico projeto de vida, o desafio diário de “viver em Cristo”,  verificamos que podemos, sim, ir muito além de uma vivência tradicional do “Dia de finados”. Em que sentido? Vejamos…

No centro da fé cristã está a experiência do amor incondicional de Deus por nós. Pela vida de Jesus Cristo, compreendemos que Deus é fiel ao seu amor por nós. Na fidelidade de Jesus até as últimas consequências na cruz, revela-se o amor infinito e incondicional de Deus por nós. A alegria do Evangelho do Reino consiste nisso: os que estavam perdidos, os que viviam nas trevas do egoísmo e do medo, os que eram condenados como impuros, os que eram excluídos pelas diversas estruturas socioreligiosas não estão abandonados. Ao contrário, aqueles que tantas vezes dizemos não ter valor são amados de Deus.

O projeto de salvação de Deus é gratuito e universal: está aberto a todos os homens e mulheres que desejam viver libertados para amar e praticar a justiça. A experiência do amor de Deus nos liberta para vivermos irmanados no amor, na partilha dos bens, na prática da justiça e no compromisso com a paz. Todos somos amados como filhos e, portanto, chamados a viver pela graça, na alegria, na fé e na esperança da salvação em Cristo Jesus.

O profundo ato de fé em Deus, que Jesus concretizou na cruz – resultante de toda uma vida vivida no cultivo confiante da intimidade com Deus, a quem ele chamava amorosamente de Abbá querido (paizinho) – nos deu, por sua Ressurreição testemunhada pelos apóstolos, uma certeza de fé: nosso destino último não é a morte ou a paz dos cemitérios, mas a comunhão de vida plena e amorosa, uns com os outros, em Deus.

Por tudo isso, finados é dia muito propício para celebrar a fé confiante no Deus da vida e renovar, com alegria, o compromisso pessoal da viva nova afirmado no batismo: queremos viver a vida nova, “viver em Cristo” com alegria, serenidade e paz, no cultivo da centralidade do amar e do praticar a justiça.

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães

Teólogo leigo, casado, mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE, doutorando em Ciências da Religião pela PUC Minas, membro do Conselho Pastoral Arquidiocesano e atua como secretário executivo do Observatório da Evangelização PUC Minas.