Para Francisco, dinheiro tem função social: é para criar empregos dignos e apoiar as famílias.

Para Francisco, dinheiro tem função social. Não, simplesmente, ser usado para investimentos especulativos para aumento dos lucros.  Sobre esta dimensão social da economia, destacou papa Francisco:

“É necessária uma aliança de sinergias e iniciativas para que os recursos financeiros sejam postos ao serviço deste objetivo [criação de empregos] de grande alcance e valor social, em vez de serem afastados e dispersos em investimentos prevalentemente especulativos».

A especulação financeira manifesta «a ausência de um plano de longo prazo, a insuficiente consideração do verdadeiro papel dos empresários e, em última análise, fraqueza e instinto de fuga perante os desafios» da atualidade, declarou o papa na visita que realizou ao presidente da República de Itália, Sergio Mattarela, em 03/06/2017.

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Encontro do Papa Francisco com Sérgio Mattarela, presidente da Itália.

«O trabalho estável, juntamente com uma política efetivamente empenhada em favor da família, primeiro e principal espaço em que se forma a ‘pessoa-em-relação’, são as condições do autêntico desenvolvimento sustentável e de um crescimento harmonioso da sociedade», apontou no discurso proferido no palácio presidencial, em Roma.

O Papa elogiou o papel da Itália no socorro e acolhimento aos refugiados, bem como a ação de inúmeros voluntários, entre os quais os que se integram em entidades e paróquias católicas. Para ele, a forma como o Estado e o povo italiano estão reagindo à «crise migratória» e os esforços para assistir as populações atingidas pelos terremotos «são expressão de sentimentos e atitudes que encontram a sua fonte mais genuína na fé cristã».

No encontro com o presidente da República da Itália, Francisco recordou que a Igreja se inspira na constituição “Gaudium et spes”, do Concílio Vaticano II (1962-65), que «deseja a colaboração entre comunidade eclesial e comunidade política enquanto estão, ambas, ao serviço das mesmas pessoas». Ao explicitar o pressuposto de sua compreensão, Francisco destaca:

«Por trás de cada emigrante encontra-se um ser humano com uma história própria, com uma cultura e ideais. Uma análise assética produz medidas esterilizadas; em contrapartida, a relação com a pessoa de carne e osso ajuda-nos a perceber as profundas cicatrizes que leva consigo, causadas pela razão ou inexistência de razão da sua migração».

«No que diz respeito ao vasto e complexo fenômeno migratório, é claro que poucas nações não podem encarregar-se inteiramente, assegurando uma ordenada integração dos recém-chegados no próprio tecido social. Por essa razão é indispensável e urgente que se desenvolva uma ampla e incisiva cooperação internacional», apontou.

Depois de declarar que olha para a Itália com esperança, país em que tem raízes familiares, o Papa agradeceu a colaboração das autoridades transalpinas na segurança prestada durante as celebrações do Jubileu da Misericórdia realizadas no Vaticano.

Sobre o mesmo tema o Papa enviou uma mensagem por ocasião da assembleia geral do Parlamento Latino-Americano e Caribenho, que termina este sábado no Panamá, na qual destaca a necessidade de conhecer «o porquê da migração», o que implica «não só analisar essa situação a partir da “mesa de estudo”, mas contactar com as pessoas, isto é, com rostos concretos».

Apos o encontro, Francisco esteve nos jardins do palácio presidencial com cerca de 200 crianças vítimas dos terremotos ocorridos no centro de Itália. E salientou:

«É verdade que na vida há dificuldades – vós sofrestes muito com este terramoto -, há quedas, mas vem-me sempre à ideia aquela bela canção cantada pelos alpinos: “A arte de escalar o sucesso não está no não cair, mas no não permanecer caído”.

 

Baixa oferta de trabalho, condições precárias e remuneração insuficiente estão na origem das «bolsas de pobreza» e da «dificuldade que os jovens encontram em formar uma família e colocar filhos no mundo», sublinhou o Papa, em 10/06/2017, no encontrou com crianças vítimas dos terremotos que abalaram a Itália.


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