A festa de Pentecostes celebra a união de todos na fé e, ao mesmo tempo, a dispersão dos discípulos para cumprirem sua missão.
Cinquenta dias após a festa da páscoa, celebra-se Pentecostes, quando a tradição cristã rememora o envio do Espírito do Santo sobre os apóstolos reunidos, enviando-os a anunciar o núcleo fundamental da fé cristã: a morte-ressurreição de Jesus. É o evento de Pentecostes que torna público o mistério pascal de Jesus: é o início da missão eclesial dos seguidores e seguidoras de Jesus, no anúncio do Reino.
A festa de Pentecostes tem um duplo aspecto: ela celebra a união de todos na fé e, ao mesmo tempo, celebra a dispersão dos discípulos para cumprirem sua missão. Essa unidade não significa uniformidade – essa é, infelizmente, uma tentação que sempre ronda o cristianismo –, mas unidade na diversidade. A narrativa dos Atos dos Apóstolos chama a atenção para o fato de que o anúncio era compreendido por todos os presentes na pregação de Pedro, em sua própria língua nativa. A dinâmica da dispersão, por sua vez, aponta para a dimensão de todos e todas, indistintamente, são convidados por Deus à festa do Reino. Esses dois aspectos reforçam a importância de que valorizemos a diversidade.
Em nosso primeiro artigo, Cada um ouvia em sua própria língua, propomos uma reflexão a respeito da importância de a teologia, nos últimos anos, estar se debruçando sobre o papel do Espírito Santo na história da salvação. O resgate da reflexão a respeito da pneumatologia abre, para o cristianismo, novas perspectivas para sua própria compreensão, bem como para o diálogo ecumênico e inter-religioso. No entanto, pastoralmente, ainda é preciso dar significativos passos rumos à concretização, na prática, do que se está refletindo teologicamente.
O segundo artigo, O vento sopra onde quer, do Dr. Carlos Cunha, brinda-nos com uma leitura do versículo joanino. No artigo, o autor lança um olhar sobre a dimensão da espiritualidade, na cultura contemporânea, abrindo algumas perspectivas ecumênicas e inter-religiosas. O resgate de uma teologia espiritual mostra certa sensibilidade para com o sinal dos tempos, quando os homens e mulheres têm buscado, de diversas maneiras, fazer experiências de sentido. Nesse olhar, a espiritualidade não é compreendida de modo estático, mas dinâmico, o que torna possível um rico diálogo transreligioso.
Por fim, no terceiro e último artigo, Cristianismo e diversidade religiosa: entraves e perspectivas, fazemos uma rápida abordagem histórica do cristianismo e de sua relação com a diversidade. O longo caminho da história do cristianismo foi marcado por grandes entraves, graças à mentalidade possível de cada época, e, em certa medida, de possibilidades de renovação e de abertura para o diverso. Com o Concílio Vaticano II, novas perspectivas se abrem, interpelando a Igreja a uma nova postura, sensível e aberta, diante do mundo plural.
Boa leitura!
*Felipe Magalhães Francisco é doutorando em Ciências da Religião, pela PUC-MG, e mestre e bacharel em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).
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