“ É Missão de todos nós, Deus chama, eu quero ouvir a sua voz!”
Zé Vicente
O/a discípulo/a missionário/a de Jesus Cristo, necessariamente, vive sua fé em comunidade. Sem vida em comunidade não há como efetivamente viver a proposta cristã. A comunidade eclesial acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura, celebra, adverte e sustenta. Evangelizar implica construir rede de comunidades ou comunidade de comunidades.
Nós cristãos precisamos ajudar as pessoas a conhecerem Jesus Cristo, fascinar por Ele e optar livremente por seguí-Lo. Isso requer de nós atitudes de acolhida, diálogo, partilha, escuta da Palavra de Deus e adesão à vida comunitária.
Jesus Cristo, o missionário do Pai, envia pela força do Espírito, seus discípulos em constante atitude de missão (cf.: Mc, 16,15).
A Igreja é missionária por natureza!
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor (cf.: Mc,6,34).
A Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, setor juventudes, fez o convite às diferentes Congregações religiosas no Brasil. Elas deveriam enviar algum dos seus membros para desembarcar e vivenciar uma Semana Santa bem diferente, junto ao povo ribeirinho na região amazônica. E com alegria, demos o nosso sim a esse convite: eu e outros/as trinta e cinco religiosos/as. Havia dois sacerdotes nesse grupo. Partimos de diferentes lugares do Brasil para Macapá. Ali nos encontramos e fomos conhecendo um pouco mais daquele chão. Circulamos pela cidade e tivemos um dia inteiro de formação, análise do contexto eclesial, sócio-político, daquele Estado.
Percebemos o desafio para a Evangelização na Diocese do Macapá, que dispõe de apenas 55 sacerdotes, muitos são estrangeiros, de diferentes nacionalidades. Contam também com algumas comunidades religiosas. O Estado do Amapá tem cerca de 800 mil habitantes e 70% dessa população vive na capital, Macapá, e no seu entorno.
Nós religiosos (as) vindos dos diversos cantos do Brasil, de diferentes congregações, ali formávamos o grupo dos/as missionários/as!
Foram formadas equipes para atender os dez setores da Paróquia Nossa senhora dos Navegantes, sendo cada setor formado por várias comunidades. A paróquia é composta por 103 comunidades, a maioria tem uma ou duas missas por ano. Todavia, todos os domingos se reúnem para celebrar a Palavra de Deus. Realmente é o Espírito Santo de Deus o grande animador desse povo ribeirinho!
No sábado pela manhã fomos para o porto onde chegam e saem às embarcações. Lá, nos encontraríamos com os representantes dos dez setores. Eles buscariam os missionários. E assim, fomos nos despedindo… Uns iam de voadeira, outros em barco maior.
Aventuramo-nos no majestoso rio Amazonas, contemplando as belíssimas paisagens, as águas barrentas, os açaizais nas suas margens etc… Na imensidão desse rio, alguns viajaram durante seis horas até chegar ao destino. Cada missionário/a levava em sua bagagem: rede para dormir, cordas, mosquiteiro, repelente para defender-se dos carapanãs (pernilongos) e o coração confiante no Deus que nos precede e nos envia aonde “as sementes do verbo já foram lançadas”.
As equipes de missionários/as chegavam lá para visitar as famílias, as escolas, celebrar com o povo dessas comunidades. Enfim ser entre eles, um sinal do Deus que sempre visita seu povo.
Em todas as comunidades fomos bem acolhidos/as. As crianças com a pureza e docilidade que lhe são próprias, deixaram uma marca muito forte em nós. Elas, desde cedo, se adaptam aos desafios dessa região, que tem uma parte do ano coberta pelas águas. Logo aos três aninhos de idade aprendem a nadar, e fazem isso tão bem, que enchem de orgulho os seus pais.
Bonito de mais, cada gesto, cada momento vivido naqueles dias. A procissão de Ramos feita sobre a passarela de madeira, pois as águas recobrem as áreas de chão firme, e as casas são todas suspensas, parecem palafitas. Esse período lá é chamado “inverno”, pois chove muito, embora, o calor úmido, seja intenso.
Penso que a Vida religiosa Consagrada é chamada e desafiada a esse compromisso, de desinstalar, a ser igreja em saída conforme nos pede o Papa Francisco. Sair dos nossos confortos, quebrar os esquemas, despojar-se. Viver a proximidade, atualizar o ensinamento do nosso Mestre Jesus que envia-nos para sermos itinerantes e confiantes, lançarmo-nos nas águas profundas. As congregações com esse gesto, de enviar seus membros para ajudar a Igreja de Macapá, estão dividindo do seu pouco, com quem tem menos ainda…
Sou grata a Deus e a congregação das Irmãs de Jesus na Eucaristia, que me permitiu estar com o povo ribeirinho durante aqueles dias e compartilhar momentos tão lindos e que me fizeram crescer na fé em um Deus próximo e que se deixa encontrar sempre.
Enviai Senhor operários para a vossa Messe!
Ir. Joelma Damasceno de Santana, IJE
Obs: A missão aconteceu durante Semana Santa. Ficamos lá de 06 a 16 de abril de 2017, na Paróquia das Ilhas. Nossa Senhora dos Navegantes, em Macapá. Porém, atende uma parte que pertence ao Estado do Pará.
Muito significativa a presença dos missionários e missionários na Igreja Amazônica na região de Macapá e Pará. Amei as experiências que por lá vivi estando em Belém do Pará de 2008 a 2014. Olhando as fotos recordei de tantas missões realizada e quanto bem esse povo tão querido e acolhedor me fez. Parabéns a todo equipe missionária!