O Papa Francisco – que mescla em sua voz profética uma extrema profundidade com a leveza e o humor que lhe são habituais – concedeu uma entrevista a Stefania Falascana, na qual discorre sobre o Jubileu da Misericórdia, o Ecumenismo e o Concílio Ecumênico Vaticano II.
Alguns recortes provocantes de suas respostas:
“Os Padres da Igreja dos primeiros séculos tinham claro que a Igreja vive instante por instante da Graça de Cristo. Por isso – eu já disse isto outras vezes – diziam que a Igreja não tem luz própria e a chamavam de mysterium lunae, o mistério da lua. Porque a Igreja dá luz, mas não brilha com luz própria. E, quando a Igreja, em vez de olhar para Cristo, olha demais para si mesma, vêm também as divisões. Foi o que aconteceu depois do primeiro milênio. Olhar para Cristo nos liberta desse hábito e também da tentação do triunfalismo e do rigorismo. E nos faz caminhar juntos na estrada da docilidade ao Espírito Santo, que nos leva à unidade”.
“Fazer a experiência vivida do perdão que abarca a família humana inteira é a graça que o ministério apostólico anuncia. A Igreja existe somente como instrumento para comunicar às pessoas o desígnio misericordioso de Deus. No Concílio, a Igreja sentiu a responsabilidade de estar no mundo como sinal vivo do amor do Pai. Com a Lumen gentium, ela voltou para as fontes da sua natureza, ao Evangelho. Este desloca o eixo da concepção cristã de um certo legalismo, que pode ser ideológico, à Pessoa de Deus que se fez misericórdia na encarnação do Filho. Alguns – ele pensa em certas respostas à Amoris laetitia – continuam não compreendendo, ou branco ou preto, mesmo que seja no fluxo da vida que se deve discernir. O Concílio nos disse isso. Os historiadores, porém, dizem que um Concílio, para ser bem absorvido pelo corpo da Igreja, precisa de um século… Nós estamos na metade.”
Vale a pena conferir a reportagem na íntegra: