Por ocasião do 60º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, que acontece neste 11 de outubro, considerado “um momento de particular graça também para o Sínodo, que representa um fruto daquela assembleia ecumênica”, o Cardeal Mario Grech, Secretário Geral do Sínodo, lançou uma mensagem no dia que marca um ano desde a abertura do Processo Sinodal 2021-2023. Acompanhe a matéria de Luis Miguel Modino.
Prolongar o estilo do Vaticano II
Em suas palavras, o cardeal recordou as palavras do Papa Francisco que, em relação ao Concílio Vaticano II, considera o Sínodo como um dos “legados mais preciosos”, instituído por ” instituído por “São Paulo VI no início do quarto e último período do Concílio (15 de setembro de 1965), indo ao encontro dos pedidos feitos por numerosos padres conciliares”.
Seu secretário lembrou que “o objetivo do Sínodo foi e continua a ser o de prolongar, na vida e missão da Igreja, o estilo do Concílio Vaticano II, bem como fomentar no Povo de Deus a apropriação viva do seu ensino, na consciência de que esse Concílio representava ‘a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX’”.
Estamos diante de uma tarefa que está destinada a perdurar, “uma vez que a recepção do magistério conciliar é um processo contínuo, e em alguns aspetos ainda está no início”, insistiu o Cardeal Grech, que destacou que “ao longo destas décadas, o Sínodo tem-se colocado constantemente ao serviço do Concílio, contribuindo por sua vez para renovar o rosto da Igreja, numa fidelidade cada vez mais profunda à Sagrada Escritura e à Tradição viva e na escuta atenta dos sinais dos tempos”.
Analisando o percurso histórico do Sínodo, especialmente suas assembleias em diferentes níveis, seu secretário enfatizou que “foram todas permeadas, cada uma à sua maneira, pela linfa vital do Concílio, aprofundaram os ensinamentos, abriram potencialidades face a novos cenários, fomentaram a inculturação entre diferentes povos”.
A Sinodalidade é um tema do Concílio
Com relação ao atual processo sinodal, dedicado à “Sinodalidade na vida e missão da Igreja”, o Cardeal Grech enfatizou que “está também na esteira do Concílio”, pois não podemos esquecer que “a sinodalidade é um tema do Concílio, ainda que este termo – de cunhagem recente – não se encontre expressamente nos documentos da assembleia ecuménica”.
A mensagem sublinha a importância no atual Sínodo 2021-2023 da teologia do Povo de Deus, que se reflete nas palavras-chave: “comunhão, participação e missão”, que ele considera “palavras eminentemente conciliares”. A partir daí, o Cardeal maltês afirma que “a Igreja que somos chamados a sonhar e a construir é uma comunidade de mulheres e homens unidos em comunhão pela única fé, o batismo comum e a mesma Eucaristia, à imagem de Deus Trindade: mulheres e homens que juntos, na diversidade dos ministérios e carismas recebidos, participam ativamente no estabelecimento do Reino de Deus, com o anseio missionário de levar a todas e a todos o alegre testemunho de Cristo, o único Salvador do mundo”.
Finalmente, ele recorda as palavras de Bento XVI, que afirma que “a dimensão sinodal é constitutiva da Igreja”, e do Papa Francisco, que define o caminho da sinodalidade como “uma dimensão constitutiva da Igreja” e como “o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.
Pe. Luis Miguel Modino
Natural da Espanha, é missionário Fidei Donum na Diocese de São Miguel da Cachoeira, Amazonas. É parceiro do Observatório da Evangelização e articulista em diversos periódicos e revistas virtuais católicas.